A economia circular está, sem dúvida, presente no léxico da política, empresas e sociedade civil, mas ainda há um caminho por trilhar, nomeadamente no que à estratégia governativa diz respeito.
“Hoje, não temos um plano claro e atualizado de economia circular, pelo que não sabemos para onde vamos. Isso torna muito mais difícil termos uma estratégia e atuarmos em conjunto de forma eficaz”, lamentou Ana Almeida, presidente da Circular Economy Portugal (CEP), numa intervenção esta tarde no NextLap Summit, em Lisboa.
O Plano de Ação para a Economia Circular (PAEC) remonta a 2017, com um horizonte em 2020. Associado à desatualização do plano está a “falta de financiamento adequado”, acrescentou a mesma responsável.
“As políticas estão fragmentadas e as empresas não têm esse incentivo que leve à mudança”, continuou Ana Almeida.
Recuando a 2015, a responsável da CEP assinalou o lançamento daquele que foi o primeiro plano de ação para a economia circular, com metas obrigatórias de reciclagem. Seguiu-se, entre os marcos da agenda comunitária ambiental, o European Green Deal, em 2019. No ano seguinte, o novo plano de ação para a EC e, em 2022, o regulamento ecodesign, com uma estratégia para a circularidade têxtil.
“Todas estas políticas são exaustivas, priorizam eficiência de recursos, mas não abordam o aumento do consumo. Se não abordarmos a transição para uma economia circular é mais difícil”, analisou.
Além da barreira política no que à implementação da estratégia de economia circular diz respeito, dada a falta de atualização do plano a nível nacional, Ana Almeida abordou duas outras dimensões: legislativa e burocrática.
“Existe uma rigidez legislativa que dificulta a iniciativa privada na recuperação de recursos”, alertou.
E como é que a circularidade pode escalar? As redes, network de empresas e iniciativas são a chave. “A circularidade não se faz sozinha. Precisamos de colaboração entre os diferentes atores, entre as startups, ONG, instituições de ensino…”, listou.
“As redes permitem escalar enquanto promovem colaboração intersetorial, estimulam a inovação aberta, facilitam o fecho de ciclos de produção e de consumo, conectam a oferta e a procura de resíduos e subprodutos e escalabilidade”, analisou.
Segundo Ana Almeida, o conceito de economia circular “implica a gradual dissociação entre atividade economia e o consumo de recursos”.
Olhando para a Europa, que importa mais de 60% de matérias-primas, diz a mesma responsável, o modelo de “consumo de recursos é ineficiente, com uma forte dependência de matérias primas e fraco reaproveitamento de materiais”.
O NextLap Summit decorre esta quarta-feira, 21 de maio, no Jardim Botânico Vandelli, em Lisboa, tendo o Jornal Económico (JE) como media partner.
Organizada pela Beta-i e pela Valorpneu, a iniciativa leva a discussão a economia circular e a sustentabilidade, no contexto da corrida pela circularidade nesta que é a terceira edição do NextLapSummit.
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