A recente divulgação da nota estatística do Banco de Portugal (via BPstat) sobre “Taxas de juro e montantes de novos empréstimos e depósitos” reacendeu o debate sobre o futuro das taxas de juro em Portugal, num contexto europeu marcado por sinais de recuperação económica.
Segundo dados do Banco de Portugal, em outubro de 2025 a taxa média para novos empréstimos à habitação situou‑se em 2,85 %, o valor mais baixo dos últimos três anos. Contudo, a melhoria nos indicadores económicos, como o crescimento da economia, a evolução favorável dos depósitos bancários e a procura por crédito, sugere que os bancos e autoridades monetárias estão atentos a potenciais pressões inflacionistas e à necessidade de ajustar a política de taxas de juro.
Em 2026, as condições podem evoluir, crescimento econômico, inflação, política fiscal, mas sem decisões concretas de subida de taxas anunciadas. O próximo ano funcionará como “ano de observação”, em que se vai avaliar se os sinais económicos mantêm a tendência.
Segundo Pedro Castro, Head de Crédito Habitação no ComparaJá: “não se pode excluir um ajustamento das taxas de juro já em 2027, caso os sinais de crescimento e subida salarial se mantenham consistentes. A convergência entre procura elevada por crédito e inflação ligeiramente acima da meta pode tornar inevitável uma subida de juros para travar riscos macroeconómicos.”
A combinar com as expectativas manifestadas por analistas europeus, que interpretam que a economia da zona euro estará mais resiliente do que se previa, a citação reforça a hipótese de que a descida de juros (há muito desejada por famílias e mutuários) poderá estar fora de hipótese, pelo menos no médio prazo.
De resto, o Banco de Portugal recomenda aos cidadãos e empresas “atenção às evoluções das condições de financiamento e às decisões da autoridade monetária”, sugerindo prudência no acesso ao crédito e na gestão da dívida.
Como consequências potenciais, uma subida de juros poderia enfraquecer o ritmo de crescimento do crédito à habitação e tornar o custo dos empréstimos mais elevado, o que afetaria a habitação e o consumo privado, dois motores importantes da economia nacional.
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