A indústria portuguesa de calçado quer duplicar as exportações de calçado técnico até final da década, para 100 milhões de euros, impulsionada por investimentos como o projeto FAIST, para desenvolvimento de uma nova geração de tecnologia de ponta.
Num comunicado divulgado hoje, a Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos (APICCAPS) destaca que o sector “tem vindo a investir na produção de calçado técnico de alto valor acrescentado”, fornecendo já algumas das principais forças de segurança a nível internacional, assim como hospitais, centros de saúde ou companhias aéreas.
Os investimentos atualmente em curso pretendem “reforçar essa realidade”, sendo de destacar o “contributo decisivo” do projeto mobilizador FAIST, um investimento na ordem dos 50 milhões de euros enquadrado no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) que se propõe desenvolver a “fábrica inteligente do futuro” e irá criar 300 novos postos de trabalho nos próximos meses.
Liderado pela Carité e sob coordenação do Centro Tecnológico do Calçado de Portugal (CTCP), o consórcio responsável pelo projeto – que engloba 45 copromotores, incluindo universidades, empresas e instituições do sistema científico e tecnológico – está a desenvolver novas soluções tecnológicas, abrangendo desde ilhas de automação a linhas integradas e plataforma digitais.
Segundo a APICCAPS, até ao final de 2025 serão desenvolvidos 34 produtos inovadores que prometem fazer da indústria portuguesa de calçado “a mais qualificada do mundo”.
“Importa que a reindustrialização e o uso de processos de elevada produtividade permitam às empresas fabricar pequenas, médias e grandes encomendas a preços competitivos, conseguindo entrar nas grandes cadeias de distribuição, nomeadamente nos segmentos mais técnicos, que no passado se abasteciam em mercados mais baratos, como a Ásia”, explica a coordenadora do projeto, Florbela Silva, citada no comunicado.
De acordo com a responsável, no âmbito do FAIST serão criados 300 novos postos de trabalho nos próximos meses, 100 dos quais altamente especializados, nomeadamente quadros superiores.
“Temos o conhecimento, a capacidade instalada e estamos a preparados para alargar a nossa oferta”, destaca, por sua vez, o presidente do CTCP, Reinaldo Teixeira. “Temos todas as condições para nos afirmarmos como uma referência no desenvolvimento de calçado técnico”, acrescenta.
Também citado no comunicado, o presidente executivo (CEO) da empresa de calçado de segurança AMF lembra que, “nos últimos 20 anos, o segmento de calçado profissional em Portugal evoluiu de forma significativa, acompanhando as mudanças na economia global, nas exigências regulamentares e nas necessidades dos clientes”.
Albano Fernandes afirma que “o advento da digitalização e a globalização dos mercados também permitiram expandir o alcance internacional das empresas portuguesas”, que, hoje, “conseguem competir em nichos de alto valor acrescentado, exportando para mercados que antes eram praticamente inacessíveis”.
Para o empresário, importa agora que as empresas nacionais continuem “a inovar e a adaptar-se às tendências globais, como a sustentabilidade, a personalização e o uso de tecnologia inteligente nos produtos, para garantir que Portugal mantém a sua competitividade no sector”.
Já o líder da empresa congénere ICC, Teófilo Leite, garante que “a produção nacional de calçado profissional está ao nível dos melhores”, distinguindo-se Portugal “pela competitividade, grande capacidade de adaptação, disponibilidade para acolher projetos disruptivos e flexibilidade produtiva”.
“Começamos por privilegiar a segurança no trabalho, mas rapidamente se percebeu que se tinha de harmonizar segurança com ‘design’, tendências de moda, seleção de matérias-primas, capacidade de testar a conformidade dos seus produtos em relação às normas, bem como a saúde do pé, área em que a Lavoro foi pioneira há quase 15 anos”, afirma.
O empresário destaca que “a produção de calçado profissional é muito exigente”, carecendo todos os modelos de certificação em diversos parâmetros, e um segmento “muito regulado, com normas diferentes de mercado para mercado”, pelo que as empresas ficam “sem espaço para improviso”.
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