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Portugal tem 1,3 milhões de postos de trabalho para requalificar, diz McKinsey

Estudo da McKinsey sobre o futuro do trabalho e a oportunidade de melhorar a produtividade, divulgado esta segunda-feira, revela que o Portugal poderá atingir um PIB de 3,8% em 2030 se aproveitar a disrupção tecnológica trazida pela automação e Inteligência Artificial.
21 Outubro 2024, 13h54

Portugal tem um problema de produtividade que a tecnologia poderá ajudar a resolver, desde que empresas, trabalhadores e a administração pública, se comprometam com a disrupção tecnológica.

O caminho é traçado pela consultora McKinsey no estudo “Future of Work – Automação e GenAI” com base em dados específicos sobre a oportunidade da automação com GenAI (Inteligência Artificial generativa) em Portugal e conta com a colaboração da NOVA School of Business and Economics.

“A adoção rápida da automação e GenAI irá afetar aproximadamente 30% do mercado de trabalho – o equivalente a cerca de 1,3 milhões de empregos, sobretudo nas áreas de STEM e de saúde – e conduzirá à necessidade de realocação profissional de cerca de 320 mil pessoas”, afirma a McKinsey.

Para atingir este objetivo serão necessárias novas capacidades tecnológicas e sociais equivalentes a novas tarefas, adianta Duarte Begonha, sócio da McKinsey & Company, salientando a necessidade de haver uma “agenda bastante clara e definida, envolvendo os diferentes stakeholders da sociedade – sector privado, sector público e a parte da educação – na requalificação laboral”.

O potencial impacto no aumento da produtividade está totalmente dependente de um esforço estrutural que garanta a realocação da força de trabalho às novas tarefas resultantes da adoção da tecnologia”, o que inclui o esforço de reskilling e upskilling, salienta o relatório.

A ausência de uma política ativa de requalificação e realocação terá um impacto negativo no crescimento do PIB (de -0,5 ponto percentuais -0.7 p.p.) e arriscará o aumento do desemprego, com cerca de 250 mil pessoas por realocar.

Impacto no crescimento

Portugal apresenta níveis de produtividade na contribuição para o PIB (0,6%) aquém dos da média da UE (1,3%) e dos EUA durante a última década (2,1% EUA). Para reduzir esta distância são muito importantes tanto a contribuição do emprego como a da produtividade, refere a consultora.

No que respeita a contribuição do emprego para o crescimento, “está mais relacionada com fatores demográficos, que não se espera que variem drasticamente na próxima década, segundo as estimativas oficiais”.

Já a contribuição da produtividade pode ser diferente, explica: “Com a adoção célere de tecnologias de automação e de IA, pode dar um salto de 2,7 pontos percentuais anuais de crescimento do PIB por aumento da produtividade até 2030, alinhando com a média da UE”.

Os cálculos apresentados indicam que se Portugal aproveitar esta disrupção tecnológica poderá atingir um PIB de 3,8% em 2030, o que situaria o país acima da média europeia, estimada em 3,3% no final da década.

De acordo com as contas da McKinsey, a automação e a GenAI podem, assim, aumentar a produtividade em quase três pontos percentuais, face aos 0,4% registados na última década, “alterando significativamente a tendência económica portuguesa”.

Duarte Begonha e Rita Calvão, ambos sócios da McKinsey, referiram por diversas vezes que a adoção de novas tecnologias é inevitável e já está a acontecer com impacto significativo nas tarefas atuais e que o facto pode vir a ser uma grande oportunidade para Portugal se o país levar a sério o desígnio de formar e requalificar para o futuro.

“Há muito investimento na tecnologia, muitas das tecnologias já estão na fase da maturidade bastante significativa e isto vai acontecer e vai ter impacto em Portugal”, afirma Duarte Begonha.

O estudo “Future of Work – Automação e GenAI” contou com a análise do McKinsey Global Institute (MGI), o ramo da McKinsey & Company que estuda tendências económicas globais com o objetivo de apoiar a tomada de decisão nos temas mais prementes para organizações e decisores em todo o mundo

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