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Portugueses e sérvios têm dificuldades em pagar despesas. Salários não esticam e situação é “muito preocupante”

Um em cada dois portugueses empregados não tem dinheiro suficiente para pagar as despesas do mês. Barómetro do Ipsos diz que situação é preocupante, mas, mesmo com falta de dinheiro, os portugueses não negam ajuda a quem mais precisa.
7 Setembro 2023, 07h30

Os portugueses e sérvios empregados estão entre um conjunto de cidadãos europeus que têm apresentado dificuldades em pagar as despesas. Esta é a conclusão do Barómetro Europeu sobre Pobreza e Precariedade elaborado pelo Ipsos.

A subida vertiginosa da inflação e os preços elevados da energia e dos produtos levaram muitos portugueses a fazer contas à vida, decidindo aquilo que podem ou não abdicar. Neste mesmo estudo, um em cada dois portugueses atualmente empregados mostra que o salário mensal não chega para cobrir todas as despesas.

O Barómetro do Ipsos aponta que 36% dos empregados europeus não consegue cobrir as despesas com o salário que recebe. “A situação é muito preocupante, particularmente em Portugal e na Sérvia, onde as dificuldades afetam uma em cada duas pessoas empregadas”.

Em análise, isto quer dizer que ter um trabalho e um salário fixo “não significa ser capaz de sobreviver financeiramente”. Sejam as compras do supermercado, preço dos combustíveis, aumento da prestação dos créditos ou aumento das rendas, a verdade é que os portugueses têm apresentado dificuldades financeiras.

No inquérito do barómetro, mais de um em cada dois europeus (55%) admitiu que o seu poder de compra diminuiu ao longo dos últimos três anos, uma situação mais visível na Grécia (64%), Sérvia (63%) e França (60%).

A maioria atribuiu as suas dificuldades financeiras e perda do poder de compra ao crescimento exponencial dos preços, mas também à diminuição dos rendimentos da sua atividade (24%) e novas despesas (23%).

O inquérito feito em dez países (Alemanha, França, Grécia, Itália, Polónia, Reino Unido, Moldávia, Portugal, Roménia e Sérvia) nota que apenas 15% das pessoas assume estar numa boa situação financeira, enquanto que 56% têm a balança equilibrada. Já 29% admitem estar numa situação precária, onde uma despesa inesperada pode criar consequências devastadoras.

“Os europeus estão preocupados com o risco de ficar numa situação precária. Quase um em cada dois (48%) considera que há um risco significativo de se virem a encontrar numa situação precária nos próximos meses”, com os italianos e gregos a demarcarem-se negativamente.

Precariedade rima com adoção de novos comportamentos

A subida da inflação e a falta de poder de compra levou muitos europeus a adotarem novos comportamentos financeiros, de forma a conseguirem equilibrar a balança e não caírem na pobreza.

Devido à subida da inflação, trazida pela guerra na Ucrânia, 85% dos europeus inquiridos admite agora procurar pelos preços mais baixos nas prateleiras dos supermercados, enquanto 70% seguem religiosamente as promoções.

Mas, algo mais problemático e que remete para um passado não muito longínquo, é os europeus deixarem de fazer as três refeições diárias recomendadas por nutricionistas. Mais: 31% dos pais admite saltar refeições, apesar de sentirem fome, para alimentarem as crianças.

Caso os preços dos alimentos continue a aumentar de forma desenfreada como até agora, 62% dos europeus inquiridos asseguram estar preocupados com a forma como vão lidar com a escalada dos preços, influenciando as contas mensais.

Apesar disto tudo, os portugueses, gregos e sérvios são os povos que mais se mostram disponíveis para ajudar o próximo quando numa situação de pobreza. Isto mostra que, apesar de todas as dificuldades financeiras, estas três nacionalidades estão disponíveis a estender a mão para ajudar o próximo.

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