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Portugueses estão entre os cidadãos mais preocupados com as fake news em todo o mundo

Estudo do Instituto Reuters, da Universidade de Oxford, revela que os portugueses estão entre os mais preocupados com a desinformação digital, e que são os cidadãos que mais confiam nas notícias.
  • JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA
18 Junho 2020, 07h50

Portugal é o segundo país em todo o mundo  onde os cidadãos mais estão preocupados com as fake news, isto é, sobre a veracidade de notícias em meios digitais.

A conclusão é de um inquérito levado a cabo pelo Reuters Institute Digital News Report em 40 países, onde a média mundial situa-se nos 56%.

O Brasil lidera o ranking com 88% dos inquiridos a revelarem-se preocupados com as fake news, seguido de Portugal com 76%, Quénia com 76% e a África do Sul com 72%.

Dos países incluídos no estudo, a Holanda é onde os cidadãos estão menos preocupados com a desinformação (32%), seguida da Eslováquia (35%), Alemanha e Dinamarca (ambas com 37%).

“A desinformação tem, lentamente, ganho protagonismo na agenda mediática em Portugal, seja com a adesão dos órgãos de comunicação social a iniciativas de fact-checking, seja com acontecimentos específicos, tais como o último dia de campanha para as eleições legislativas de 2019 ou a tensão política gerada com o resultado das mesmas eleições e com a recomposição do parlamento em termos de representação partidária”, segundo o relatório do Reuters Institute elaborado em conjunto para Portugal com o OberCom – Observatório da Comunicação, em parceria com o Media-lab ISCTE-IUL.

Uma investigação realizada pelo MediaLab do ISCTE -IUL, com o qual o OberCom colabora em permanência, tem revelado que os “mecanismos de desinformação online em Portugal são extremamente complexos e ativos, beneficiando da ativa participação dos utilizadores de redes sociais. Se inicialmente estes padrões de sociabilidade eram mais visíveis em redes sociais “abertas” como o Facebook, a crise pandémica do Covid19 revelou que também as apps de mensagens como o Whatsapp são estruturas muito relevantes na análise das dinâmicas de desinformação online na sociedade portuguesa”.

Nas redes sociais, os portugueses estão mais preocupados com a desinformação no Facebook (34,5%) do que no serviço de mensagens WhatsApp (13,1%). Do total de inquiridos, 40,4% dos portugueses dizem estar preocupados a desinformação com origem em redes sociais. Apenas 22% dos inquiridos dizem estar preocupados com os sites ou apps noticiosas.

Fora da esfera digital, 40,1% dos portugueses dizem estar preocupados com a informação com fonte no Governo, políticos ou partidos políticos, percentagem semelhante à dos portugueses que dizem estar preocupados com a desinformação em redes sociais (40,4%):

Por sua vez, 18,6% dos inquiridos dizem estar preocupados com desinformação em jornais ou marcas de notícias e 13,5% com informação ilegítima proveniente de outros cidadãos.

“É importante realçar que a proliferação de conteúdos falsos, total ou parcialmente, depende não
só do emissor / produtor original, mas também de uma distribuição eficaz, dependendo
para tal de recetores incapazes de interpretar os conteúdos de forma crítica e, portanto,
com maior probabilidade de os replicar e partilhar”, destaca o estudo.

O inquérito foi realizado entre 14 de janeiro e 17 de fevereiro deste ano, antes da pandemia global da Covid-19, mas o relatório aborda a questão da desinformação durante a epidemia de coronavírus.

“Apesar do esforço dos órgãos de comunicação social em fornecer conteúdos fiáveis e irrepreensíveis do ponto de vista jornalístico, a sede informativa dos portugueses, confinados em suas casas tornou os conteúdos ilegítimos uma fonte de informação acessível, por várias razões: a) pela dificuldade de compreender a escala e complexidade da situação, que mistura dinâmicas sociais sem precedentes com aspetos sanitários e científicos de difícil compreensão, b) pela multiplicidade de fontes ativas, desde oficiais a escala nacional, local ou regional e pelo rápido ritmo de atualização dos acontecimentos e c) pela facilidade com que os conteúdos ilegítimos se sobrepõem aos conteúdos jornalísticos, que exigem um maior esforço interpretativo e perfis de literacia mais desenvolvidos”, analisa o relatório do Instituto Reuters.

Este estudo anual do instituto da Universidade de Oxford também revelou que o Jornal Económico é a marca de informação económica online que reúne a preferência dos leitores portugueses.

Portugal é o país onde os cidadãos mais confiam nas notícias

Em termos de confiança nas notícias, o inquérito demonstra que Portugal (a par da Finlândia) é o país onde mais se confia nas notícias, com 56% dos “portugueses a dizer confiar em notícias em geral”. No entanto, entre 2015 e 2020, a percentagem de portugueses que dizem confiar nas notícias recuou 9,1 pontos percentuais a partir dos 65,5% registados há cinco anos.

“Não obstante a grandeza dos dados gerais, os portugueses confiam menos em notícias com origem em plataformas de indexação online, com cerca de 4 em cada 10 a dizer confiar em notícias em motores de busca (43%) e menos de 3 em cada 10 declarar confiar em notícias com
origem em redes sociais (28%)”, segundo o relatório.

Entre as marcas de informação em que os portugueses mais confiam, a RTP 1 lidera (80%), seguida da SIC (79%), Expresso (76%), Jornal de Notícias (75%), Diário de Notícias (74%), Público (73%), TSF (73%), Rádio Renascença (73%), TVI (72%) e Antena 1 (70%).

Analisando as marcas nativas digitais, projetos que nasceram na internet, o Notícias ao Minuto e o Sapo lideram com 29% e 26% dos inquiridos a revelarem que tinham visitado o site na semana anterior, seguido do Observador com 19%.

Em termos de metodologia, “à semelhança das edições anteriores, o inquérito de 2020 foi aplicado a uma amostra representativa da população portuguesa (n=2012). Tal como no ano anterior, esta edição do projeto conta com uma estratificação da amostra por grau de habilitação /escolaridade, para além de género e idade, como tem acontecido em anos anteriores”, pode-se ler na metodologia do estudo.

O Reuters Institute pertence à universidade de Oxford, no Reino Unido, e é financiado pelo Fundação Thomson Reuters, que pertence à histórica agência noticiosa mundial Reuters.

 

https://jornaleconomico.pt/noticias/reuters-institute-je-e-o-site-portugues-de-economia-mais-visitado-601928

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