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Powell defende economia norte-americana e garante: “Não estamos com pressa”

“A economia americana está em boa forma. Está a crescer a um bom ritmo. Esta decisão visa mantê-la nesse ponto”, explicou Jerome Powell após o corte de 50 pontos esta quarta-feira, rejeitando ainda preocupações acrescidas com o mercado laboral.
18 Setembro 2024, 20h34

Após um corte ‘jumbo’ de 50 pontos base (p.b.), o presidente da Reserva Federal norte-americana procurou reforçar a confiança na maior economia do mundo, rejeitando que a decisão seja reflexo de preocupações com o mercado laboral ou uma tentativa de recuperar tempo perdido. Pelo contrário, a descida procura manter o ímpeto, garantiu Jerome Powell, afastando ainda quaisquer preocupações ou motivações com a eleição presidencial que se aproxima.

“A economia americana está em boa forma. Está a crescer a um bom ritmo. Esta decisão visa mantê-la nesse ponto”, resumiu Powell na conferência de imprensa que se seguiu à primeira descida de juros da Fed a seguir à pandemia e a primeira de 50 p.b. desde 2008, excluindo os cortes de emergência causados pela Covid-19.

Questionado sobre se a Fed estaria a tentar recuperar tempo perdido, dada a pressão dos mercados para cortar juros e os sinais de arrefecimento no mercado laboral, Powell falou numa decisão “atempada”. Ainda assim, “ninguém deve olhar para este corte e achar que este será o novo normal”.

“Estamos a recalibrar a política ao longo do tempo para uma situação mais neutra e movemo-nos ao ritmo que achamos adequado”, explicou, argumentando que este corte foi mais “um sinal do nosso compromisso com não ficarmos para trás”.

Com a luta contra a inflação aparentemente bem encaminhada (de um pico de 7,1% em junho para 2,5% em quatro de sete leituras este ano, segundo o indicador de preferência da Fed), o mercado laboral tem assumido cada vez mais protagonismo. Powell reconheceu novamente o arrefecimento laboral, tal como já havia feito no simpósio de verão do banco central em Jackson Hole, no Wyoming, mas rejeitou preocupações acrescidas com o desemprego.

“Não estamos a ver uma subida nos pedidos de subsídio de desemprego nem nos despedimentos, nem queremos chegar a esse ponto”, reforçou, garantindo que a Fed está a “tentar retomar a estabilidade de preços sem dores significativas” para a população. “Há quem defenda a ideia de que o mercado laboral deve ser apoiado quando ainda está forte, não quando os despedimentos já começaram”, acrescentou.

Por outro lado, quanto à subida do desemprego, este “depende dos fluxos, porque se houver milhões de pessoas a juntarem-se à população ativa”, o desemprego irá certamente subir.

Proximidade das eleições

Com as eleições presidenciais à porta, e sendo esta a última reunião da Fed antes do ato eleitoral, a pressão política também se fez sentir. No entanto, Powell mostrou-se indiferente ao ambiente em Washington.

“Esta é a minha quarta eleição à frente da Fed e é sempre o mesmo nesta reunião de outubro. […] O nosso mandato é para com o povo americano”, garantiu. Além disso, “as decisões que tomamos acabam por afetar a vida das pessoas com um intervalo”, lembrou, afastando qualquer influência política na decisão.

Recorde-se que Donald Trump, antigo presidente e novamente candidato à Casa Branca, afirmou em julho que o banco central “sabe perfeitamente que isso [cortar taxas] é algo que não deve fazer” tão próximo do ato eleitoral, defendendo que tal ajudaria a candidatura democrata.

Powell foi nomeado por Trump para liderar a Reserva Federal dos EUA em 2018, mas a relação entre ambos conheceu alguns percalços, com o antigo presidente a sugerir por repetidas vezes que poderia despedir o presidente do banco central se assim quisesse. Mais recentemente, e apesar da pressão para não alterar os juros, Trump disse que deixaria Powell cumprir o seu mandato até ao fim, mas que não o renomearia.

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