O concelho de Cascais registou um aumento de 107% no preço médio de casas para venda em 2023, quando comparado com o ano anterior, fixando-se o valor médio do metro quadrado (m2) nos 8.945 euros, segundo o estudo “Market Report Portugal” da imobiliária alemã Engel & Volkers realizado em parceria com o Instituto de Marketing Research que analisou as transações imobiliárias intermediadas pela multinacional no período 2023-2024.
Este valor contrasta de forma significativa com os praticados em Lisboa pelos clientes da imobiliária alemã, onde o preço médio foi de 4.629 euros/m2 em 2023, o que representou uma descida de 3,58%, quando comparado com 2022.
De acordo com os dados apresentados, este crescimento no concelho de Cascais demonstra uma valorização e aumento da procura de habitação residencial premium naquele município. Os compradores internacionais representaram a totalidade das vendas da agência em Cascais, destacando-se os alemães, norte-americanos e italianos.
No entanto, o número de transações caiu para valores pré-pandemia neste concelho, registando-se uma quebra de 24,4%, passando dos 3.406 vendas em 2022 (valor mais alto desde 2019), para as 2.574 transações (número mais baixo desde 2019) justificada pela subida das taxas de juro nos últimos dois anos, a perda do poder de compra e o aumento do custo de vida.
“É importante que a descida do IVA na construção seja efetuada, porque precisamos de oferta na habitação, mas não acredito numa estagnação do mercado”, referiu Daniela Rebouta, sales director da Engel & Völkers Portugal, durante a apresentação do estudo na terça-feira.
No que às novas construções em Cascais diz respeito, os dados do estudo revelam um aumento no número de fogos desde 2020 (74), 2021 (205), 2022 (309) e 2023 (404). Contudo, o cenário é diferente quando olhamos para as licenças de construção obtidas, com os dados da imobiliária a indicarem uma quebra desde 2021 (595, valor máximo desde 2017), 2022 (480) e 2023 (214).
Preço médio de venda desceu em quase metade das freguesias de Lisboa
Outro dos dados analisados por este estudo diz respeito aos preços médios de venda de imóveis pela Engel&Völkers na cidade de Lisboa, sendo que entre 2022-2023, 10 das 24 freguesias do distrito observaram uma quebra no valor médio de transação de casas, destacando-se Campo de Ourique, que passou dos 8.017 euros/m2 em 2022, para os 4.735 euros/m2 no ano passado, o que significou uma descida de 69,3%, Campolide, dos 5.099 euros/m2 em 2022, para os 3.565 euros/m2 em 2023 (-43%) e o Parque das Nações, que caiu dos 7.400 euros/m2 de 2022, para os 5.934 euros/m2 em 2023 (-24,7%).
Em sentido oposto, sobressaíram as freguesias das Avenidas Novas, com um aumento dos 3.822 euros/m2 em 2022, para os 7.064 euros/m2 no ano passado (45,9%), o Lumiar, com uma subida dos 2.970 euros/m2, para os 4.960 euros/m2 em 2023 (40,1%) e a Amadora, com um crescimento dos 1.742 euros/m2 em 2022, para os 2.502 euros/m2 no ano passado (30,4%).
No entanto, e tal como aconteceu no concelho de Cascais, também em Lisboa o número de transações caiu no último ano, passando das 8.144 vendas de 2022, para as 7.191 de 2023 (-13,3%), com a imobiliária alemã a justificar esta quebra com a conjuntura internacional desfavorável, a subida das taxas de juro e a inflação, aliadas a uma maior dificuldade no acesso ao crédito à habitação.
Questionada sobre uma eventual descida nos preços para os próximos meses, Margarita Oltra, regional manager da Engel & Völkers Portugal, descarta que tal cenário venha a acontecer. “Não sentimos que os preços vão baixar, mas sim uma estagnação e com uma tendência para um ligeiro aumento”, afirmou.
Em relação aos novos fogos concluídos Lisboa tem registado nos últimos três anos uma média de 5.523, um valor superior quando comparado com a média de 2.620 novos fogos entre 2018 e 2020. Por outro lado, as novas licenças de construção têm vindo a cair desde 2019, com uma média de 660 novas licenças anuais.
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