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Prepare-se: o seu café vai ficar mais caro

Os problemas de abastecimento do Brasil para o Vietname levaram os preços do café para máximos de sete anos, com o contrato de futuros do café arábica para entrega em março de 2022 a subir quase 2,5% e a atingir um máximo de USD 228,25 por libra a 15 de novembro.
16 Novembro 2021, 12h28

 

Os preços quase duplicaram no ano passado, elevando as perspectivas de custo para empresas como a Starbucks Corp. e Peet’s Coffee & Tea Inc., que favorecem a variedade de grãos de alta qualidade.

Como se pode ver no gráfico abaixo, seria preciso regressar a outubro de 2014 para ver o café a negociar a preços tão elevados. Nesse ano de 2014, o Brasil, responsável por cerca de 40% da produção mundial de café, teve o verão mais quente de que há registo em algumas partes do país, com a seca a ser considerada a pior dos últimos 50 anos. Uma estimativa apontava para que 30% da colheita de café poderia ser perdida.

Evolução do preço do café. Fonte: xStation

 

Desta vez, não só são as condições meteorológicas a afetar o preço, mas também uma série de outras condicionantes. O Brasil enfrenta uma seca contínua e está no rescaldo de um inverno frio e das geadas que destruíram algumas colheitas. Entretanto, a precipitação excessiva tem tido impacto nas colheitas na Colômbia, o segundo maior exportador do mundo. Os dois países são responsáveis por quase três quartos da produção mundial de café arábica.

Os problemas contínuos das cadeias de abastecimento complicaram também o processo de expedição e conduziram a custos mais elevados. Por outro lado, temos ainda a manutenção duma procura forte associada a uma queda dos stocks de grãos arábica. O elevado custo dos fertilizantes e a contínua escassez de mão-de-obra são outros fatores.

O café foi mais uma das mercadorias que se veio juntar à já extensa lista de bens e serviços que utilizamos no dia-a-dia, como a carne, a fruta, o pão, o gás ou a gasolina, e cujo preço tem subido nos últimos meses, à medida que a economia global recupera da pandemia da COVID-19. O índice de preços no consumidor nos EUA aumentou 6,2% em outubro, o maior aumento em mais de 30 anos.

Aumentos dos preços à escala mundial: acompanhe as cotações dos preços das matérias-primas em tempo real

O rally desta semana veio na sequência de uma queda nos stocks e da apreciação do real brasileiro, que tornou menos vantajosa a venda do café cotado em dólares. Além disso, as primeiras projeções para a colheita de 2022 do país indicam que deverão ser em linha com as colheitas de 2020-21, o que limita a reconstituição das reservas necessárias para resistir ao típico mergulho na produção da colheita seguinte.

“Os mercados mundiais de café permanecem deficitários e sempre que os preços caem, vemos a indústria a comprar antes que subam ainda mais”, referiu Kona Haque, que lidera o departamento de research da empresa de trading de commodities ED&F Man em Londres.

É provável que os preços se mantenham elevados à medida que os altos custos de transporte se traduzem em lucros para produtores, exportadores, importadores, torrefatores e retalhistas. Em sentido contrário, vão as ações de empresas cujo principal negócio é vender café aos seus clientes, que vêem as suas margens a serem reduzidas substancialmente.

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As ações da Starbucks caíram mais de 11% desde os máximos registados em julho deste ano. Fonte: xStation

 

As empresas tentam a todo o custo não aumentar os preços para não perderem clientes, mas a tendência dos preços do café não é de abrandamento e, mais cedo ou mais tarde, o aumento dos custos terá que ser repassado para os consumidores.

 

 

Este conteúdo patrocinado foi produzido em colaboração com a XTB.

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