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Presidente do Instituto Politécnico de Viseu: “80% do país é território esquecido”

As Conferências Portugal Inteiro, da Altice em parceria com o JE, estacionaram em Viseu, cidade que está à espera de que Lisboa se lembre dela. Almeida Henriques, presidente da autarquia, e Sá Paiva, presidente do instituto local, convergem na denúncia.
  • Cristina Bernardo
9 Março 2020, 15h38

“Viseu está no zona esquecida do país, que é 80% do território nacional”, disse o presidente do Instituto Politécnico de Viseu, João Sá Paiva, no ciclo de conferências Portugal Inteiro, da responsabilidade do grupo Altice em parceria com o Jornal Económico, desta vez organizado em Viseu. É, por isso, do mais elementar bom-senso que o instituto tenha optado pela internacionalização – em cadeia com outras instituições congéneres – como forma de rodear o problema.

Problema, aliás, que está a aumentar: o Orçamento do Estado reduz o apoio ao desenvolvimento do país que não faz parte das duas grandes áreas metropolitanas, disse ainda João Sá Paiva. “Ao invés de promover uma concorrência entre regiões, deve haver a promoção da cooperação”, única forma de acrescentar às regiões deprimidas capacidade de atração de investimento e de fixação de empresas e pessoas.

“O instituto procura ser útil para tecido empresarial e relevante para a geografia em que nos inserimos”, disse ainda, para concluir que esse parece ser o futuro do Politécnico, que de algum modo continua à espera do investimento estruturante de que esses 80% do país precisa.

Preciso seria com certeza o contributo dos investimentos públicos estruturantes, que teimam em passar ao largo da região de Viseu, como explicou o presidente da câmara local, o social-democrata António Almeida Henriques. Mesmo assim, “há um eco-sistema que a região conseguiu fixar”, explanado nos clusters automóvel, farmacêutica, metalomecânica, das madeiras, que se encontram em redor da cidade de Viseu.

“O desenvolvimento nos últimos seis anos deu-se pela aposta nas novas tecnologias – muito com o contributo do Politécnico – o que levou 18 empresas do setor e mais de 700 engenheiros a fixarem-se na região”, disse Almeida Henriques.

Mas está acontecer outro fenómeno interessante: a qualidade de vida, que tem chamado a Viseu pessoas que não têm nada a ver com a cidade”, disse ainda. “É um percurso feito sozinho”, longe de apoios à consolidação que seria obrigação do Estado fornecer. “Dependemos só de nós, somos responsáveis pelos mais de 90 investimentos empresariais e mais de 2 mil postos de trabalho” criados nos últimos três anos e meio. “Se não se criarem políticas que consolidem estas cidades-âncora, e não estou a pensar apenas em Viseu”, tudo pode ser deitado a perder, enfatizou Almeida Henriques. “Fixámos ainda cinco mil estrangeiros: 5% da população de Viseu é estrangeira”, revelou.

“Isentar de portagens os investidores na região, incentivos fiscais que fixassem os quadros das empresas – numa região com custo de vida 40% mais baixos que em Lisboa – seriam com certeza decisões que poderiam ajudar”, concluiu.

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