Michael D. Higgins, presidente da Irlanda desde 2011, afirmou que o relatório da Comissão de Inquérito da ONU, que concluiu que Israel está a cometer genocídio em Gaza, é um documento “importante” que deverá desencadear uma ação internacional. “Acredito que o tipo de ação necessária agora é a exclusão daqueles que estão a praticar genocídio e daqueles que estão a apoiar o genocídio com armamento”, disse o presidente irlandês, citado por vários órgãos de comunicação social.
“Devemos analisar a sua exclusão das próprias Nações Unidas e não devemos mais hesitar em terminar o comércio com pessoas que estão a infligi-lo aos nossos semelhantes”. A Irlanda, onde muitos observam paralelos entre a luta do país pela independência do Reino Unido e a busca dos palestinianos pela autodeterminação, reconheceu o Estado da Palestina no ano passado. O país apoiou também formalmente o caso da África do Sul no Tribunal Internacional de Justiça, acusando Israel de genocídio.
Recorde-se que uma comissão internacional independente de investigação da ONU acusou Israel de cometer genocídio na Faixa de Gaza desde o início da guerra, em 7 de outubro de 2023, com a “intenção de destruir” os palestinianos. “Chegámos à conclusão que um genocídio acontece em Gaza e vai continuar a acontecer, sendo que responsabilidade cabe ao Estado de Israel”, disse a presidente desta comissão, Navi Pillay, ao apresentar o relatório da investigação da Comissão da ONU sobre os crimes cometidos nos territórios palestinianos ocupados.
Israel “rejeita categoricamente” este “relatório tendencioso e mentiroso e pede a dissolução imediata” da Comissão, afirmou em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita. O Ministério terá industriado a sua rede de diplomatas espalhada pelo mundo para estabelecer a ideia de que qualquer ato ou comentário contra a guerra em gaza deve ser lido (e disseminado) como um exemplo de antissemitismo – e por isso comparável ao holocausto. A embaixada em Portugal tem seguido esse entendimento.
A Comissão “concluiu que o Presidente israelita, Isaac Herzog, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, incitaram o genocídio e que as autoridades israelitas não tomaram qualquer medida contra estas pessoas para punir essa incitação”.
Neste contexto, a alta representante da diplomacia da União Europeia condenou a ofensiva terrestre israelita na cidade de Gaza, considerando que “só vai trazer mais devastação”, mas admitiu que o bloco comunitário “não tem ferramentas” para parar Telavive. “Quero insistir que esta ofensiva terrestre, e fui bastante clara com o Governo israelita, vai na direção errada, só vai trazer mais devastação, mais destruição, mais mortes de civis inocentes, mas não temos ferramentas para realmente parar isto”, disse Kaja Kallas em entrevista à agência Lusa.
A alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança lamentou que o bloco político-económico europeu careça de meios para travar a ofensiva terrestre de Israel e insistiu que a União Europeia está a “ajudar os palestinianos o mais que pode”. Como vários analistas têm afirmado repetidamente, entre eles Francisco Seixas da Costa ao Jornal Económico, a UE está muito longe de fazer o que pode pela Palestina e nem mesmo em termos das suas cúpulas trata a guerra em Gaza da mesma forma que trata a guerra na Ucrânia.
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