O Presidente moçambicano disse hoje que o terrorismo e as manifestações pós-eleitorais são desafios cruciais à segurança do Estado, que, juntamente com fatores como a recente atuação de guerrilheiros tradicionais naparamas, atrasam a independência económica do país.
“Na vasta lista desses desafios podemos fazer menção, por exemplo, aos ataques terroristas em alguns distritos da província de Cabo Delgado, alguns distúrbios que inquietam a harmonia e tranquilidade social em algumas localidades perpetradas pelos autointitulados naparamas, alguns resquícios da perturbação da ordem e segurança pública caraterizadas por manifestações ilegais, violentas e criminosas”, disse Daniel Chapo, em Maputo.
Falando na cerimónia de empossamento dos novos membros do Conselho Nacional de Defesa e Segurança (CNDS), órgão de consulta sobre aspetos de segurança em Moçambique, o chefe de Estado listou igualmente, entre as preocupações, os crimes transnacionais, alterações climáticas, efeitos das crises económicas internacionais, a necessidade de consolidação da estabilidade macroeconómica interna do país, a coesão social e eliminação da instabilidade num contexto de diversidade política.
“Estes desafios que acabámos de mencionar, para além de perigarem a nossa independência política, ameaçam a materialização da nossa agenda governativa que consiste na implantação de alicerces para a nossa independência económica”, acrescentou Daniel Chapo.
A lista de membros do CNDS que tomou posse é composta por Mariano Matsinha, Joaquim Muhlanga, apontados pelo Presidente da República, enquanto Jacinto Veloso, Marina Pachinuapa, António Hama Thai, Melba Fumo e Olímpio Cambona foram eleitos pela Assembleia da República.
Fazem parte ainda, por inerência de funções, os ministros da Defesa, do Interior, dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, das Finanças, dos Transporte e Logística, da Justiça, da Agricultura, Comunicações, o diretor da secreta, o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas e o comandante-geral da Polícia.
Os naparamas, guerreiros tradicionais respeitados nas comunidades do norte e centro, surgiram na década de 1980, durante a guerra civil, aliando conhecimentos tradicionais e elementos místicos no combate aos inimigos, atuando em comunidade.
Em 07 de julho, um polícia e dois membros do grupo naparamas, morreram durante um confronto no distrito de Angoche, na província moçambicana de Nampula, conforme noticiado no mesmo dia pela Lusa.
Historicamente, os naparamas classificam-se como uma força que se organizou espontaneamente para a autodefesa da população perante a guerra e os seus elementos submetem-se a ritos de iniciação, destinados a dar-lhes alegada “proteção sobrenatural” que acreditam que os torna imunes, até a balas.
A província de Cabo Delgado, situada no norte do país, rica em gás, enfrenta desde 2017 uma rebelião armada, que provocou milhares de mortos e uma crise humanitária, com mais de um milhão de pessoas deslocadas.
Desde outubro de 2017, a província de Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico, que chegaram a provocar mais de um milhão de deslocados, incluindo a morte, em 2024, de 349 pessoas vítimas de ataques.
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