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Presidente moçambicano defende diálogo sem “esquemas, arranjos e interesses” face à tensão pós-eleitoral

“Acreditamos na nossa capacidade, porque quando o assunto é tratado por nós mesmos é um assunto que nos permite uma solução sem esquemas, sem arranjos, sem interesses (…) Não há pessoas pequenas, não há partidos pequenos, Moçambique é de todos e temos que estar em condições de carregar todas as sensibilidades”, declarou Filipe Nyusi, durante a receção das lideranças dos partidos políticos com representação no próximo parlamento, com exceção da Nova Democracia (ND).
30 Dezembro 2024, 19h37

O Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, afastou hoje uma eventual mediação estrangeira para ultrapassar a tensão pós-eleitoral no país, defendendo um diálogo e soluções locais sem “esquemas, arranjos e interesses”.

“Acreditamos na nossa capacidade, porque quando o assunto é tratado por nós mesmos é um assunto que nos permite uma solução sem esquemas, sem arranjos, sem interesses (…) Não há pessoas pequenas, não há partidos pequenos, Moçambique é de todos e temos que estar em condições de carregar todas as sensibilidades”, declarou Filipe Nyusi, durante a receção das lideranças dos partidos políticos com representação no próximo parlamento, com exceção da Nova Democracia (ND).

Em causa está o caos provocado pelas manifestações contra os resultados eleitorais, protestos convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que rejeita os resultados proclamados pelo Conselho Constitucional (CC), dando vitória à Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, nas legislativas, e ao candidato que o apoia, Daniel Chapo, nas presidenciais.

Nyusi reuniu-se com o líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Ossufo Momade, presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) Lutero Simango, secretário-geral da Frelimo, Daniel Chapo, presidente do Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), Albino Forquilha, e o extraparlamentar Nova Democracia (ND), representado por Salomão Muchanga.

“As soluções para Moçambique só podem ser encontradas por nós moçambicanos. Podemos ter aqueles que vão nos facilitar, podem apoiar-nos, como já tivemos casos anteriores que nos assistiram, mas as soluções mais complexas, que duraram anos e anos, foram encontradas por nós mesmo, moçambicanos”, disse o chefe do Estado, insistindo que o diálogo é o caminho.

“Se nós quisermos a forma de exclusão não vamos conseguir resolver os problemas, quando há problemas e, quando somos todos nós, saímos mais triunfantes”, acrescentou Nyusi.

O Conselho Constitucional (CC) proclamou em 23 de dezembro Daniel Chapo como vencedor da eleição Presidente da República, com 65,17% dos votos, sucedendo no cargo a Filipe Nyusi, bem como a vitória da Frelimo, que manteve a maioria parlamentar, nas eleições gerais de 09 de outubro.

Este anúncio provocou novo caos em todo o país, com manifestantes pró-Venâncio Mondlane – que obteve apenas 24% dos votos – nas ruas, barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia, que tem vindo a realizar disparos para tentar a desmobilização.

Pelo menos 175 pessoas morreram na última semana de manifestações pós-eleitorais em Moçambique, elevando para 277 o total de óbitos desde 21 de outubro, e 586 baleados, segundo novo balanço feito pela plataforma eleitoral Decide.

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