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“Preso por ter cão e preso por não o ter”…por isso mesmo seja fiel!

Seja fiel a si mesmo: tenha ideias, sonhe-as, construa-as, implemente-as! Com a “dose certa” de criatividade e realidade, nunca se sabe o que será possível Criar!
25 Setembro 2019, 07h15

Ser criativo parece ser uma tarefa simples pois, ‘dizem eles’ ter ideias é fácil. Porém, ser criativo não é ser detentor de um botão on/off e, portanto, ligar on e já está! Não é também dizer: “Vá despacha-te, tem uma ideia!”. A criatividade simplesmente ou, dificilmente, funciona assim.

Mas talvez um dos maiores desafios do ser criativo (entre muitos!) passa pelo outro e pelas suas opiniões! Aqui refiro-me não às opiniões/críticas construtivas, que são bem-vindas quando o objetivo é apoiar, ou seja, quando se procura ajudar a “construir”, a aprimorar algo. Refiro-me sim, à ‘crítica’ destrutiva. Aquela ‘crítica’ mordaz às vezes oriunda da sociedade, outras vezes dos colegas, dos ‘amigos’, dos vizinhos, da família ou até daqueles que nem nos conhecem. Aquela “crítica” que quando questionada com: “O que achas desta ideia?”, nos responde: “É espetacular…” ou “É excelente…”, porém segue-se um forte “…mas…”! “É uma ótima ideia, mas….não achas que as pessoas vão achar isso estranho?”; “É mesmo o que estamos a precisar, mas…sabes que não há espaço no mercado económico para isso?”; “É brilhante, mas….nunca ninguém fez isso, não sei se irá funcionar”.

Com isto, não quero aqui passar a mensagem que sou contra um “mas….”. Na verdade, acho que é fundamental existir alguém que nos questione, que nos faça pensar sob diferentes perspetivas, de modo a otimizar as nossas ideias. Não sou também contra um “mas….” que, com grande carinho e consideração por cada um de nós, nos quer alertar para os desafios do mundo. Contudo, sou contra o “mas….” que destrói ideias. Sou contra o “mas….” que destrói sonhos e, particularmente, sou contra o mas….” que é fruto de uma maldade (in)consciente.

Todos necessitamos de uma “dose saudável” de realidade que faz, ou que deverá fazer, parte de qualquer processo criativo. Porém, também necessitamos (e gostamos!) de críticas construtivas que nos levem a melhorar e não de críticas que nos derrubem, pelo simples prazer de nos ver renunciar às nossas ideias.

Saber aceitar uma crítica é fundamental, mas saber criticar também o é! Porém, as críticas que destroem ideias, as críticas que nos levam a duvidar de nós próprios e das nossas competências, não são de todo benéficas para o crescimento e para o desenvolvimento do pensamento criativo. Estas são críticas por vezes corrosivas ou até, críticas ‘amigas’ (aquelas dos nossos ‘amigos’!) e que se entranham na mente do criativo levando-o, aos poucos e poucos, a desistir.

A verdade é que sempre existiram e sempre existirão críticos das nossas ideias. Sempre existirão vozes ruidosas que, camufladas com “peles de cordeiro”, tentarão atacar e fazer retroceder o criativo de avançar e lutar por aquilo em que acredita. Então: como ‘contornar’ ou evitar uma crítica destrutiva? Aristóteles, numa famosa citação, afirmou: “Há apenas uma forma de evitar as críticas: não diga nada, não seja nada, não faça nada.” A resposta é então deveras simples: inércia! Viva parado no tempo, aceite toda e qualquer crítica e deixe-a destruí-lo/a? Não! Se é difícil deixar a crítica de lado? É! Se é possível evitá-la? Provavelmente, não! Então o que fazer?

Primeiro, reconheçamos que nunca será fácil ouvir comentários negativos ou pejorativos daquilo que somos, daquilo que acreditamos ou daquilo que criamos. No entanto, quando permitimos (mesmo inconscientemente) que o outro nos atinja e deixamos de criar ou de acreditar que as nossas ideias têm valor, a crítica destrutiva sai vencedora. Por isso, equipe-se da maior e da melhor “armadura” que conheça, enfrente os críticos das suas ideias construtivamente. Siga aquilo em que acredita, mas… sobretudo, como Eleanor Roosevelt um dia disse “Do what you feel in your heart to be right – for you’ll be critized anyway. You’ll be damned if you do, and damned if you don’t”. Ou como num bom e velho ditado popular: “Preso por ter cão e preso por não o ter”! Por isso seja fiel a si mesmo (a): tenha ideias, sonhe-as, construa-as, implemente-as! Com a “dose certa” de criatividade e realidade, nunca se sabe o que será possível Criar!

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