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Prevenção e acesso à saúde dos mais vulneráveis são prioridades no Plano Envelhecimento Ativo

O plano está estruturado em seis pilares: Saúde e bem-estar; Autonomia e vida independente; Desenvolvimento e aprendizagem ao longo da vida; Vida laboral saudável ao longo do ciclo de vida; Rendimentos e economia do envelhecimento e Participação na sociedade.
26 Agosto 2024, 11h13

O lançamento da aplicação Prevenção4all, os transportes para acesso à saúde, a identificação dos idosos mais vulneráveis e o reforço do Complemento Solidário para Idosos são as medidas prioritárias para o coordenador do plano do envelhecimento ativo.

Num balanço do plano, Nuno Marques aponta igualmente como medida estruturante a criação do centro de competências de envelhecimento ativo, com sede em Loulé, e uma equipa específica a trabalhar as medidas do plano de forma contínua e com polos em todos os distritos.

Para o responsável, esta estrutura serve para “montar o puzzle” de todas as medidas incluídas no Plano de Ação para o Envelhecimento Ativo e Saudável, publicado em janeiro em Diário da República.

O plano está estruturado em seis pilares: Saúde e bem-estar; Autonomia e vida independente; Desenvolvimento e aprendizagem ao longo da vida; Vida laboral saudável ao longo do ciclo de vida; Rendimentos e economia do envelhecimento e Participação na sociedade.

Em cada um destes pilares estão incluídas diversas medidas e, num balanço feito à Lusa, o responsável destacou a importância de envolver os cidadãos na prevenção da doença, sublinhando que se conseguiu até agora “avançar e várias áreas em simultâneo”.

Na área da Saúde e Bem-estar, salientou o trabalho entre a Direção-Geral da Saúde, a Direção Geral dos Estabelecimentos Escolares e a Direção Geral do Ensino Superior para desenvolver medidas de promoção de saúde e prevenção da doença no ensino, com iniciativas que envolvam ativamente os alunos e não se reduzam a sessões de esclarecimento.

Ainda nesta área, refere ainda a aplicação prevenção4all, a lançar no próximo ano, assim como a criação das equipas comunitárias de saúde mental (estão criadas 20 e o objetivo é chegar às 40 em 2026).

Nuno Marques lembrou que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) é uma grande ajuda para a concretização deste plano, que usará igualmente verbas do Portugal 2020-30 para ver concretizadas as medidas definidas. Segundo explicou, o PRR prevê, entre outras áreas, a criação, nos próximos dois anos, de 10 equipas de saúde mental ao domicílio.

Apontou ainda a reabilitação precoce e as doenças musculoesqueléticas, lembrando o projeto lançado no Algarve, que aplicou a tecnologia dos atletas de alta competição às pessoas idosas, ajudando-as a fazer exercício personalizado.

Juntamente com alguns politécnicos, estão igualmente a ser desenvolvidos programas para que, com o exercício personalizado, os mais idosos consigam debelar algumas fragilidades, “mantendo-se autónomas o máximo de tempo possível”. Um dos programas está a ser desenvolvido com Escola Superior de Desporto de Rio Maior.

O PRR será igualmente um apoio para avançar nos cuidados de longa duração, com o aumento das vagas de cuidados continuados e, nesta área, Nuno Marques defende um reforço nas equipas de cuidados paliativos de apoio ao domicílio.

Destacou ainda a “boa adesão” que os concursos tiveram na área das habitações colaborativas, com mais de 2.000 novas vagas criadas nesta tipologia de resposta, assim como os concursos de apoio às pessoas com deficiência, para a criação das novas unidades promotoras da autonomia (730 vagas), que fazem “a transição destas pessoas na comunidade”.

“Espera-se que em 2026 todas estas vagas estejam à disposição”, disse.

Nuno Marques apontou ainda a importância da formação do cuidador, destacando os 193 cursos já desenvolvidos, com mais de 3.000 formandos. Quanto aos cuidadores informais, há já cerca de 500 formandos com cursos finalizados.

Questionado pela Lusa sobre os dados que indicam que apenas cerca de metade dos pedidos para aceder ao estatuto de cuidador informal terem sido aprovados, Nuno Marques desvalorizou, justificando que nem a formação depende de estar ou não reconhecido com este estatuto, o mesmo acontecendo com os apoios que estão a ser desenhados, à exceção dos apoios financeiros.

“Aqui também já foi alargado o critério para pessoas fora da família”, disse, reconhecendo que esta medida precisa de ser avaliada para se perceber se é preciso ajustar critérios.

Outra das medidas que o responsável espera ver concretizada no final deste ano ou início de 2025 é a linha de apoio 24 horas/dia aos cuidadores informais.

Apontou ainda a área do acesso ao SNS, destacando a Linha 60 + – que vai prestar toda a informação aos idosos sobre como podem aceder aos serviços – assim como os gestores 60 +, que são pessoas que vão a casa dos mais vulneráveis para dar garantir o acesso aos apoios.

“Sabemos que, muitas vezes, quem mais necessita é quem menos recorre e quem menos procura estas ajudas, porque nem sequer sabe que eles existem”, explicou.

O Plano prevê ainda a criação de uma plataforma de gestão facilitadora do acesso aos cuidados de saúde, nomeadamente no interior do país e com mais lacunas de transportes públicos. Está a ser desenvolvida no Alentejo este ano e será depois facultada a outras regiões.

“É preciso garantir que as pessoas não deixam de ter acesso à saúde – consultas e exames – pelo facto de não terem transportes”, afirmou.

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