Donald Trump e Benjamin Netanyahu, o presidente dos Estados Unidos e o primeiro-ministro de Israel, voltam a encontrar-se esta segunda-feira na Casa Branca. É a primeira vez que se encontram pessoalmente depois de terem convergido na guerra contra o Irão – que ambos claramente ganharam – como também é o primeiro encontro desde que há negociações concretas para um cessar-fogo em Gaza. Ambos têm uma relação complexa: Israel sonha ser a potência dominante no Médio Oriente – para isso estando bem encaminhado, dado que é o único Estado da região a ter armamento nuclear – mas os Estados Unidos querem manter um ascendente sobre os israelitas, que lhe garanta um ‘controlo-remoto’ sobre a mais insegura região do mundo.
As ‘cartas’ (uma designação muito ao gosto de Trump) que Netanyahu leva no bolso são trunfos de peso: o ‘raid’ sobre o Irão, o cessar-fogo em Gaza, o princípio de entendimento com a Síria, o combate conjunto aos Houthis, são as ‘manilhas’ que tem para apresentar. Mas os ‘ases, estão na ‘manga’ de Trump: todos as “espetaculares” vitórias da dupla só sucedem por causa do poder das armas dos Estados Unidos. Há ali, portanto, uma relação de amor-ódio, diria qualquer aprendiz de psicólogo.
Donald Trump expressou abertamente a sua frustração com Netanyahu no mês passado, durante os esforços para negociar uma trégua com o Irão – mas ganharam sintonia desde que os Estados Unidos lançaram um bombardeamento contra o programa nuclear do Irão, cumprindo um objetivo fundamental para os israelitas. Mesmo assim, as guerras não são a melhor ‘mão’ de Trump: de facto, tanta balbúrdia no Médio Oriente e também algures no norte da Europa desviam o presidente norte-americano daquilo que mais o alicia: os avatares da economia – ou, dito de outra forma, as tarifas. Desse ponto de vista, Trump tem pouco a agradecer a Netanyahu.
Paralelamente, um enviado dos Estados Unidos encontrou-se com autoridades libanesas em Beirute esta segunda-feira para discutir a proposta de um plano para desarmamento do Hezbollah, horas depois de Israel lançar novos ataques aéreos e um ataque terrestre transfronteiriço. A escalada israelita foi vista por autoridades e diplomatas libaneses como uma tentativa de aumentar a pressão sobre o Hezbollah, cujo líder, Naim Qassem, disse num discurso televisivo no domingo que o grupo ainda precisa de armas para defender o Líbano de Israel.
A proposta do enviado dos Estados Unidos, Thomas Barrack, entregue às autoridades libanesas durante a sua última visita a 19 de junho passado, prevê o desarmamento total do Hezbollah em quatro meses em troca da retirada das tropas israelitas que ocupam vários postos no sul do Líbano e da interrupção dos ataques aéreos do Estado hebraico. Mesmo que seja subscrito, o acordo tem tudo para não produzir qualquer resultado prático, dizem os analistas. Mais: pode bem ser, a curto prazo, uma ‘desculpa’ para Israel aumentar a pressão militar sobre o Líbano – como aliás já sucedeu no passado.
O Líbano formou um comité para redigir uma resposta. Esperava-se que o Hezbollah fornecesse o seu próprio feedback ao seu aliado ‘civil’, o presidente do Parlamento, Nabih Berri, para o aliar a uma contraproposta que estava a ser preparada a tempo para a visita de Barrack esta segunda-feira, mas não há qualquer notícia desses procedimentos.
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