Primeiro Papa americano é centrista e oferece alguma continuidade

Habemus Papam.” Ao segundo dia do Conclave, destinado à eleição do novo Papa, e à semelhança dos dois últimos, houve fumo branco e um nome que surgiu com surpresa: o de Robert Francis Prevost. Um Cardeal de 69 anos, nascido nos EUA, que acabou por ser o eleito, contra todas as previsões, tendo optado pelo nome Leão XIV.

A escolha é um ato pessoal, embora possa ser influenciado por diversos elementos. Pode tratar-se de uma homenagem a um antecessor, uma devoção a um santo específico ou até mesmo prender-se com o significado etimológico do nome escolhido. Embora menos frequente como motivo principal, o significado original do nome (por exemplo, Leão, que evoca força e defesa da doutrina) pode reforçar a mensagem que o Papa pretende transmitir.

Com Prevost, Leão passa a ser, a par de Clemente, o quarto nome mais escolhido por um líder mundial da Igreja Católica. É apenas suplantado por João (23 vezes escolhido), Bento e Gregório (ambos 16). Esta eleição acaba por ser também um momento histórico, porque Robert Prevost tornou-se no primeiro Papa norte-americano. Nascido a 14 de setembro de 1955, em Chicago, Prevost tem uma carreira distinta na Igreja Católica, sendo um membro da Ordem dos Agostinianos.

Com uma vasta experiência no episcopado, foi prior geral da sua congregação de 2001 a 2013 e, mais recentemente, bispo de Chiclayo, no Peru, desde 26 de setembro de 2015. A ligação à América Latina, onde trabalhou como missionário, e o seu perfil centrista e pragmático, destacam-no como uma figura capaz de mediar entre as diversas correntes do catolicismo americano.

Prevost, um poliglota que também fala o português, é visto como tendo um profundo compromisso com as questões sociais e culturais, traçando um caminho que poderá dar continuidade ao pontificado voltado para o diálogo e a inclusão. Com uma formação sólida em Teologia, ao graduar-se na Catholic Theological Union de Chicago, e em Direito Canónico, tendo estudado na Pontifícia Universidade São Tomás de Aquino (Angelicum) em Roma, o novo Papa também ocupou funções de destaque, como Prefeito do Dicastério para os Bispos desde 30 de janeiro de 2023 e presidente da Comissão Pontifícia para a América Latina.

O Papa Francisco fez dele cardeal no Consistório de 30 de setembro de 2023, tendo sido um colaborador próximo do antecessor e com um papel crucial na gestão do Vaticano em relação ao Caminho Sinodal Alemão. Durante a Assembleia Sinodal de 2024, o novo Papa afirmou que os trabalhos em curso visavam estabelecer uma “nova forma de agir na Igreja”, um processo que requer tempo e reflexão. Não devemos esperar soluções imediatas”, sublinhou o colaborador do Papa Francisco, salientando a transição de temas considerados controversos para os grupos de trabalho formados por Francisco em fevereiro do ano passado. Provest destacou, na altura, que os trabalhos da sessão sinodal evidenciavam a necessidade de mudar o paradigma de uma “estrutura de poder”, promovendo mais organismos de consulta nas dioceses e paróquias.