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Professor e político “marcante” de “sabedoria notável”, as reações à morte de Freitas do Amaral

Desde a política até vários setores da sociedade civil, Portugal recorda Diogo Freitas do Amaral, falecido esta quinta-feira, 3 de outubro. Políticos, partidos e figuras do espaço mediático dos mais diversos setores reagem à morte do fundador do CDS.
3 Outubro 2019, 16h29

“À memória do professor Freitas do Amaral, ilustre académico e distinto Estadista, curvamo-nos em sua homenagem”. Primeiro-ministro, António Costa.

O primeiro-ministro lamentou a morte do fundador e primeiro líder do CDS, Freitas do Amaral, e adiantou que o Governo vai decretar luto nacional no dia do seu funeral. Numa nota à comunicação social, a título pessoal, e como seu antigo colega de Governo, António Costa salientou que não podia deixar de recordar o muito que aprendeu “com o seu saber jurídico, a sua experiência e lucidez política e o seu elevado sentido de Estado e cultura democrática, que sempre praticou”.

“[Diogo Freitas do Amaral foi] uma figura determinante do regime democrático português e uma personalidade marcante da história portuguesa contemporânea”. Jorge Sampaio, antigo Presidente da República em Portugal

Estas palavras são de Jorge Sampaio, histórico do PS e antigo Chefe de Estado de Portugal, que recordou em comunicado “o colega de faculdade de há mais de meio século, colega de profissão, colega das lides políticas, independentemente das opções e convicções de cada um, o jurista eminente, o professor de referência, o internacionalista convicto, um patriota certo e o amigo de sempre”.

“Foi também notável a sabedoria com que assumiu transitoriamente a chefia do Governo da AD após a morte do líder social-democrata em 1980. Estas circunstâncias levaram-me a defender ativamente a sua candidatura independente às eleições presidenciais de 1986”. Aníbal Cavaco Silva, antigo Presidente da República.

O anterior Presidente da República, Cavaco Silva, manifestou “enorme tristeza” pela morte do fundador do CDS e antigo ministro Freitas do Amaral, elogiando-o pelo seu “espírito livre” e pelo contributo para uma democracia pluripartidária em Portugal. “Foi com enorme tristeza que tomei conhecimento da morte do Prof. Diogo Freitas do Amaral, um dos construtores de uma democracia pluripartidária em Portugal. Foi, a par de Mário Soares e de Francisco Sá Carneiro, um defensor convicto de uma democracia de tipo ocidental no pós-25 de Abril”, disse.

“Queria deixar aqui uma palavra de homenagem ao professor Freitas do Amaral. Nem sempre o PSD esteve de acordo com ele ou ele de acordo com o PSD, mas nos momentos importantes do país e do PSD o professor Freitas do Amaral foi um aliado”. Presidente do PSD, Rui Rio

O líder do PSD recordou Freitas do Amaral como “um aliado” nos momentos importantes do país, deixando-lhe “uma palavra de homenagem” durante um almoço de campanha. O Rio recordou ainda que Freitas do Amaral foi fundador de “um dos principais partidos nacionais”, o CDS-PP, tendo as suas palavras sido aplaudidas por toda a plateia.

“Dele guardarei memória de um homem culto, cordato, afetuoso. De um homem de diálogo, um democrata, por quem tinha uma grande consideração e estima. Portugal vê hoje desaparecer um dos nomes grandes da política democrática e do ensino do Direito”. Presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues

O presidente da Assembleia da República afirmou que recebeu com “enorme consternação” a notícia da morte do antigo ministro Freitas do Amaral, “fundador do regime democrático” e cidadão com “grande dedicação” à causa pública. “O professor Freitas do Amaral serviu Portugal e os Portugueses em diversas ocasiões”, considerou Ferro Rodrigues.

“Portugal aderiu à Comunidade Económica Europeia (CEE) em muito devido ao papel de Freitas do Amaral. Falamos muito de Mário Soares e esquecemos do papel de Freitas do Amaral”. Antigo presidente do CDS-PP, Manuel Monteiro

O centrista Manuel Monteiro já veio a público lamentar a morte do fundador do CDS-PP, considerando-o “uma pessoa corajosa, que enfrentava um momento político muito tenso”. Monteiro sucedeu a Freitas do Amaral na presidência do CDS-PP. “Discordei em muito do professor Freitas do Amaral. Desfiliou-se do CDS quando eu era presidente. O CDS que ele tinha fundado era federalista, convictamente comunitarista no plano europeu, e eu sempre tinha sido soberanista. Quando votámos contra o tratado da União Europeia, o CDS que ele tinha fundado, já não estava ali retratado. Portugal aderiu à Comunidade Económica Europeia (CEE) em muito devido ao papel de Freitas do Amaral. Falamos muito de Mário Soares e esquecemos do papel de Freitas do Amaral”, disse.

“Uma grande perda para Portugal num tempo de escassez de estadistas”. Antigo ministro das Finanças, Bagão Félix.

O antigo ministro das Finanças do Governo PSD/CDS descreveu Freitas do Amaral como um homem intelectualmente lúcido.

“É conhecida a distância política que sempre separou Freitas do Amaral do PCP, mas é inequívoco que o professor Freitas do Amaral foi uma das personalidades políticas mais marcante da vida política portuguesa nas últimas décadas, quer como dirigente partidário, como membro do Governo e até no plano internacional como presidente da assembleia-geral das Nações Unidas”. Deputado comunista António Filipe, em nome do PCP

O Partido Comunista Português emitiu uma nota e reconheceu Freitas do Amaral como uma das personalidades “mais marcantes da vida política portuguesa nas ultimas décadas” e um “notável académico”.

Conheci-o bem, aprendi muito com ele. Académico por vocação, pedagogo nato, sempre aberto à inovação, homem de coragem e convicções. Representava como nenhum outro o sentido de Estado. Portugal deve-lhe muito. Eurodeputado do PSD, Paulo Rangel no Twitter

 

“A morte de Freitas do Amaral marca, depois de Sá Carneiro, Cunhal e Soares, o fim de uma era. A ele devemos parte da democratização de uma direita que era herdeira do Estado Novo. Isso, e a participação no jogo democrático quando isso não eram favas contadas, é-lhe devido”. Antigo militante do Bloco de Esquerda e comentador político no programa da SIC Eixo do Mal, no Twitter.

“Morreu um grande senhor, um homem a quem a democracia e Portugal deve muito. Descanse em paz, senhor professor Diogo Freitas do Amaral”. Comentador político no programa da SIC Eixo do Mal, no Twitter.

“Morreu um homem só, que começou como discípulo de Marcello Caetano, ajudou os deserdados do 25 de Abril a aceitarem a democracia, seguiu o seu caminho, acabou ostracizado pelo partido que fundou”. Escritor Rui Zink

“As mais sinceras condolências à família do professor Freitas do Amaral. Um verdadeiro democrata cristão que teve um papel decisivo na consolidação da democracia em Portugal”, escreveu Jean-Claude Juncker numa publicação no Twitter.

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