O projeto MadoquaPower2X visa a produção de hidrogénio renovável (H2) e de amoníaco renovável (NH3) e deverá arrancar a produção em 2029, com um investimento total de 2,8 mil milhões de euros.
O promotor planeia arrancar com a construção no início de 2027 para estar concluída no final de 2027. Depois, ao longo de 2028, o projeto estará em fase de comissionamento, a preparar-se para a fase de operação para arrancar a sua produção no ano de 2029.
Está a ser desenvolvido por um consórcio luso-neerlandês-dinamarquês, com os portugueses da Madoqua Renewables, os neerlandeses da Power2X e os dinamarqueses da Copenhagen Infrastructure Partners (CIP).
A construção tem a duração de dois anos com a vida útil do projeto a durar 30 anos, contando com estatuto de Potencial Interesse Nacional (PIN), criando 115 postos diretos de trabalho.
O projeto localiza-se no concelho de Sines, distrito de Setúbal, na Zona Industrial e Logística de Sines numa área de implantação de 59 hectares.
Conta com duas fábricas: uma para produzir hidrogénio a partir da eletrólise da água e outra para produzir amoníaco verde, recorrendo ao hidrogénio da primeira fábrica.
A ideia é depois transportar o amoníaco verde por conduta até ao porto de Sines para depois o exportar via marítima ou ser usado como combustível marítimo.
Numa primeira fase, será usada uma “conexão de rede de 560 MVA para alimentar um conjunto de eletrolisadores de 460 a 500 MW para produzir cerca de 76 mil toneladas de hidrogénio por ano”, segundo o estudo de impacte ambiental. “O hidrogénio será utilizado como matéria-prima no processo de produção de amoníaco, que terá uma capacidade de produção de 1.200 toneladas métricas por dia, cerca de 438.000 toneladas de amoníaco por ano”.
A eletricidade renovável vai ser comprada recorrendo a contratos PPA com garantias de origem.
“Na primeira fase, pode ter receitas entre 320 milhões e 380 milhões por ano. Depende de produção e dos eletrolisadores. Na segunda fase, entre 580 a 620 milhões por ano”, disse ao JE em maio de 2024 o CEO da Madoqua Renewables, Rogaciano Rebelo.
O gestor revelava que o amoníaco seria usado para “abastecer os navios. Sines é um porto que recebe muitos navios e precisam de combustível. E também para exportação, a maior parte”, para o porto de Roterdão nos Países Baixos para abastecer o “setor marítimo. Eles precisam de amoníaco em Roterdão por causa dos navios. Já é fácil transportar amoníaco que é líquido, não é inflamável, o hidrogénio sim. O amoníaco tem risco de perigo, mas estamos a lidar com amoníaco há 70 anos”.
Em 2024, a Comissão Europeia decidiu atribuir um apoio de 245 milhões de euros a este projeto via Banco Europeu de Hidrogénio.
“Na avaliação ambiental do Projeto verificou-se que este se destaca pela preservação e proteção de vários fatores ambientais, onde predominam os impactes pouco significativos da sua implantação. Contudo, dadas as características da localização do Projeto, na Zona Industrial e Logística de Sines verificou-se a potencial afetação de servidões de algumas infraestruturas presentes, nomeadamente rodoviárias, ferroviárias, gasodutos e oleodutos, cuja compatibilização deve continuar a ser concertada com as entidades gestoras em fases posteriores de licenciamento”, argumenta agora o promotor no EIA.
“As intervenções previsíveis que ocorrerão durante a fase de construção do Projeto, irão ter impactes significativos, no entanto de magnitude reduzida e pouco significativos, ao nível de vários fatores ambientais, nomeadamente Património, uma vez que se verifica a proximidade do projeto com Ocorrências Patrimoniais inventariadas (como o caminho de Santiago) e da Biodiversidade pela interceção da área de estudo com habitat 2260 – Dunas com vegetação esclerofila da Cisto-Lavanduletalia. De realçar ainda a necessidade de abate dos sobreiros existentes nos lotes da ZILS onde se inserem a UPH2 e UPNH3, sendo esta atividade da responsabilidade da AICEP, proprietária dos terrenos, com a qual a Madoqua tem um protocolo de cooperação que visa o desenvolvimento de todas as medidas de mitigação, compensação e monitorização que estejam elencadas à atividade de desmatação e desflorestação”, acrescenta.
“Durante a fase de exploração deve destacar-se a emissão sonora contínua associada ao funcionamento da MP2X, mas sem impactes significativos, pela ausência de recetores na proximidade. Ainda assim, estabelecem-se medidas de minimização que procuram reduzir os impactes, cumulativamente com o desenvolvimento de um Plano de Monitorização de Ruído. No que toca ao fator ambiental Biodiversidade e devido à proximidade geográfica do projeto a áreas críticas e muito críticas para as aves aquáticas, desenvolveu-se um Plano de Monitorização de Avifauna, em que a monitorização deverá ocorrer durante 1 ano numa fase prévia à construção, durante a fase de construção, e durante, pelo menos, três anos da fase de exploração”, argumenta a MadoquaPower2X.
“Ressalva-se novamente a importância decisiva de garantir a mitigação dos impactes identificados, sendo indispensável inicialmente concretizar, ao nível de projeto, as medidas previstas, bem como garantir cumprimento das medidas de minimização e gestão ambiental durante a construção, exploração e desativação, nomeadamente ao nível da implementação do Plano de Acompanhamento Ambiental de Obra (PAAO)”, conclui o promotor.
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