Os promotores da manifestação convocada para hoje na Guiné-Bissau pela “reposição da democracia e pela liberdade” alegam que seis manifestantes foram detidos, mas a polícia confirmou três detenções.
No final tarde, as organizações Frente Popular e Po de Terra (pau da terra) anunciaram a detenção de seis elementos ligados ao protesto.
Contactado pela Lusa, o Comissário Nacional da Polícia de Ordem Pública (POP), Salvador Soares, disse que houve “três detidos quando tentavam sair e confrontaram a polícia”.
O comissário acrescentou que, “depois de ouvidos, vão ser libertados”. Os promotores da manifestação anunciaram que iriam “surpreender o regime” e não divulgaram antecipadamente pormenores da iniciativa, marcada simbolicamente para o Dia de África.
A manifestação estava convocada para as primeiras horas da manhã deste domingo e nas ruas foi visível apenas o habitual aparato policial sempre que são anunciados protestos, sem a presença aparente de manifestantes, como observou a Lusa em várias rondas por toda a cidade de Bissau.
No final da tarde deste domingo, num vídeo a circular nas redes sociais, através de uma rádio guineense, o porta-voz da Frente Popular, Nkanande Kâ, disse que a polícia conseguiu neutralizar a manifestação nas primeiras horas da manhã.
Segundo Kâ, “seis pessoas” foram detidas e houve espancamentos e caça ao homem. Outro elemento da organização, Geraldo Alberto Fuca, do Po de Terra, pediu a “liberdade de forma incondicional” para os colegas que estão presos nas celas da Guiné-Bissau.
A Liga Guineense dos Direitos Humanos, através do dirigente Gueri Gomes Lopes, exigiu “a libertação imediata destes cidadãos” e responsabilizou o Ministério do Interior “pelos riscos que estão a passar, pela integridade física e moral destes cidadãos”, que estão sob a sua alçada.
Desde que o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, dissolveu o parlamento, em dezembro de 2023, já houve, pelo menos, dez tentativas de manifestações sem sucesso na Guiné-Bissau.
As convocatórias para estas ações começaram com a coligação PAI-Terra Ranka, afastada do Governo com a dissolução da Assembleia Nacional Popular, seis meses depois da tomada de posse e sem terem decorrido os 12 meses fixados pela Constituição, desde a data das eleições.
O chefe de Estado alega ter usado uma prorrogativa constitucional que lhe permite avaliar se há condições de governabilidade e mediante a qual concluiu que não existiam.
Sissoco Embaló considerou que o parlamento estava a pactuar com alegados atos de corrupção do Governo de maioria parlamentar da coligação liderada pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).
O Presidente da República substituiu o executivo por um de iniciativa presidencial e o presidente da Assembleia, Domingos Simões Pereira, líder da PAI-Terra Ranka e do PAIGC, por Adja Satu Camará,do Madem G15, partido de que o chefe de Estado é fundador.
A PAI-Terra Ranka iniciou a convocação de manifestações em janeiro de 2024, a Frente Popular surgiu depois com o mesmo tipo de iniciativas, assim como a oposição unida, todas sem sucesso.
Os promotores dos protestos atribuem a falta de adesão à intimidação e repressão do aparato policial e militar e lançamento de gás lacrimogéneo nalgumas ocasiões.
O chefe de Estado convocou, entretanto, eleições gerais, presidenciais e legislativas, para 23 de novembro de 2025.
Sissoco Embaló avisou que a manifestação marcada para este domingo teria “uma resposta adequada” e afirmou que foi convocada por organizações ilegais e que os seus promotores apenas pretendem destabilizar o país.
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