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Promotores imobiliários criticam alterações aos vistos gold: “É um dano reputacional para o país”

Hugo Santos Ferreira critica a proposta do PEV e do BE que permitiu alterar este regime. “Estes pedidos em nada contribuem para a noção da estabilidade legislativa, política e fiscal do nosso país”, frisa.
23 Março 2021, 13h15

Acabar com o regime dos vistos gold em Portugal é por “em causa a seriedade do país”. É desta forma que Hugo Santos Ferreira, vice-presidente da Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários (APPII), olha para o projeto de lei apresentado pelo partido Ecologista “Os Verdes” e Bloco de Esquerda na Assembleia da República contra a concessão dos vistos gold no país.

Um mês depois de ter sido aprovado no Parlamento, o regime dos vistos gold que entrará em vigor a 1 de janeiro de 2022, foi esta terça-feira, 23 de março, debatido no Webinar “What´s Now Golden Visa?”.

“Estes pedidos em nada contribuem para a noção da estabilidade legislativa, política e fiscal do nosso país. Está em causa a reputação do país cá dentro e lá fora, um dano reputacional do país enquanto destino de investimento e posta seriamente em causa a seriedade do nosso país”, referiu o responsável.

Face a este cenário, o responsável questionou se Portugal deseja fechar-se ao investimento estrangeiro. “Se quer, o melhor mesmo é fecharmos as portas, as fronteiras e estes investidores fecham as portas das suas empresas e vão investir noutro país, onde o investimento estrangeiro possa ser bem-vindo, numa altura em que a Europa e Portugal em concreto vive um período de retoma”, frisou.

Hugo Santos Ferreira deixou um apelo ao Parlamento para que prossiga a alternativa legislativa que encontrou no início de 2019 e que foi aprovada em fevereiro de 2021, pedindo que seja desconsiderada a proposta lançada por “Os Verdes” e Bloco de Esquerda.

“É importante perceber que o investimento imobiliário não é de 100 ou 200 mil euros. Estamos a falar de gente que depositou milhões de euros e que trazem riqueza ao nosso país e que cria emprego. Basta pensarmos no sector da construção que representa 600 mil postos de trabalho”, salientou.

O responsável voltou a relembrar a importância do sector imobiliário para a recuperação económica do país, quando se depara com cenários de crise, algo que já foi comprovado pelo Banco de Portugal. O sector imobiliário tem sido nas últimas crises um dos mais resilientes e sendo um sector resiliente consegue reerguer-se das cinzas e retomar rapidamente a atividade. Isso comprovou-se na crise financeira de 2008, onde o sector imobiliário a par do turismo, foram os motores da economia portuguesa. Desde essa crise financeira não houve investimento público no sector imobiliário ou em infraestruturas”, realçou.

Hugo Santos Ferreira considerou que atacar desta forma os investidores e estar constantemente a dar o dito por não dito em matéria deste investimento, “é dar cabo da riqueza do país, da captação de investimento, mas acima de tudo da criação e manutenção destes postos de trabalho”.

Segundo o diploma publicado a 12 de Fevereiro, o fim dos vistos gold para investidores imobiliários estrangeiros no litoral e nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto foi adiado por seis meses, arrancando a 1 de janeiro de 2022.

Este diploma tem como objetivo favorecer a promoção do investimento de estrangeiros nas regiões de baixa densidade, nomeadamente na requalificação urbana, no património cultural, nas atividades de alto valor ambiental ou social, no investimento produtivo e na criação de emprego.

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