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PSD: Candidatos derrotados nas diretas apelam à união e tolerância da direção do partido

Os candidatos derrotados nas eleições diretas do PSD, Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz, anunciaram que o PSD pode contar com “todos” os militantes e deve apostar numa “renovação”, sem “separatismos e excessos”.
9 Fevereiro 2020, 10h46

Os candidatos derrotados nas eleições diretas do PSD (Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz) defenderam este sábado, no segundo dia do 38.º Congresso Nacional do PSD, a união do partido e a tolerância entre militantes e responsáveis políticos. Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz anunciaram que o PSD pode contar com “todos” os militantes e deve apostar numa “renovação”, sem “separatismos e excessos”.

O ex-líder parlamentar social-democrata Luís Montenegro, que disputou com o líder social-democrata, Rui Rio, a segunda volta das eleições diretas, defendeu que “o PSD precisa de paz e unidade”. “Todos temos de contribuir para isso. Todos devemos exigir de nós próprios aquilo que exigimos dos outros. Todos devemos fazer aquilo que dizemos e não dizer uma coisa e fazer outra”, afirmou.

Num discurso marcado por apupos e alguns aplausos, Luís Montenegro disse que o partido precisa de “mais tolerância e menos crispação” e garantiu que dará o seu contributo “longe dos cargos partidários e públicos, mas sempre perto para ajudar o PSD”. “Há demasiada agressividade verbal, demasiado separatismo e excessos cometidos por responsáveis políticos que não devem continuar. O partido precisa de tolerância, precisa de respirar liberdade”, sublinhou Luís Montenegro.

Disse ainda que vai seguir o exemplo do fundador do PSD Francisco Sá Carneiro e citou o seu discurso proferido na Assembleia Nacional em 1972: “O que não posso, porque não tenho esse direito, é calar-me, seja sob que pretexto for”.

Também Miguel Pinto Luz, que ficou em terceiro lugar na corrida à liderança do PSD, fez um discurso no Congresso Nacional a favor da unidade interna partidária e sublinhou que as disputas nas eleições diretas no partido “já lá vão”. Para o vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais é tempo de união e afirmou que Rui Rio deve contar com “todos” os militantes e apostar em “novos rostos”.

Criticou também o “cinismo” de “senadores” que esperam na reserva um mau resultado do partido nas eleições autárquicas, baseados no calendário político para fins de carreira pessoal. “Não podemos olhar para estas eleições autárquicas com um olhar cínico, com um olhar tático, esperando que tudo corra mal, para depois saírem da reserva senatorial e apontarem o dedo aos outros que disseram presente. Chega de cinismos, chega de taticismo e ganhemos o país”, disse o vice-presidente da autarquia de Cascais.

“Somos obrigados a ganhar as eleições autárquicas e precisamos de regenerar, porque há muita gente de qualidade que nunca teve a sua oportunidade. Não voltaremos a ser o maior partido autárquico com os rostos do passado e para ganhar precisamos mesmo de todos. Já escolhemos o presidente do partido [Rui Rio], está escolhido”, salientou Miguel Pinto Luz.

O segundo dia do Congresso Nacional do PSD ficou ainda marcado pelos discursos de outros críticos internos, como Hugo Soares e Pedro Duarte.

O também ex-líder parlamentar Hugo Soares afirmou que “não são os resultados eleitorais que faz mudar as convicções” e que, no seu caso, mantém as suas. Apoiante de primeira linha de Luís Montenegro, defendeu que os militantes social-democratas não devem “ser socialistas de segunda” e questionou as palavras de Rui Rio ao dizer que houve um reforço do PSD nas eleições legislativas de outubro.

“O presidente do PSD dizia que nas últimas legislativas os dois maiores partidos saíram reforçados. Ora, o PSD perdeu eleitores, perdeu deputados, perdeu as eleições. O PS ganhou as eleições que não tinha ganho em 2015: teve mais votos e mais deputados. Onde está o reforço eleitoral do PSD?”, inquiriu, garantindo que, apesar das discordâncias, nunca votou nem votará num “partido diferente do PSD”.

Pedro Duarte, que apoiou também Luís Montenegro nas diretas, disse aos jornalistas que espera que o PSD saia deste Congresso Nacional com “um partido com um líder e não um líder com um partido”. O fundador do Movimento X disse ainda que é tempo de “unir esforços” e “dar apoio e suporte às decisões que saírem deste Congresso”.

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