O dia seguinte às eleições da Região Autónoma da Madeira trouxe desenvolvimentos no panorama político madeirense. PSD e CDS-PP iniciaram na segunda-feira as negociações com o intuito de encontrarem uma solução que permita a governação na Região, como confirmou o líder dos social-democratas madeirenses, Miguel Albuquerque, ao Diário de Notícias da Madeira.
Tanto PSD como CDS-PP já tinham sinalizado, no domingo, embora não de modo claro, que estariam disponíveis para negociar a forma como se iria governar a Região após as eleições.
O líder do PSD Madeira, Miguel Albuquerque, no discurso de vitória eleitoral de domingo, disse, que “os nossos parceiros privilegiados [para negociação] todos sabem quais são”.
Por outro lado, o líder do CDS-PP, José Manuel Rodrigues, defendeu, também na noite eleitoral, que a população quer “estabilidade e governabilidade, e um Governo para quatro anos”, acrescentando que a população “pode contar com o CDS-PP para que a Madeira possa ter mais estabilidade política”.
De lembrar que PSD e CDS-PP já se entenderam no passado, após eleições regionais, para assegurar a governabilidade na Região. Por exemplo, depois das eleições regionais de 2019, estabeleceram um acordo para formar maioria absoluta no Parlamento. Foram também coligados às regionais de setembro de 2023, nas quais elegeram 23 deputados, ficando a um deputado da maioria absoluta. O PSD teve que alcançar um acordo parlamentar com o PAN para atingir a maioria. Nas regionais de maio de 2023, PSD e CDS-PP, que concorreram separados, chegaram a um acordo parlamentar, mas o PSD acabou por governar em maioria.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no domingo, também reagiu aos resultados eleitorais, sinalizando que a Madeira tem a possibilidade de ter uma maioria com PSD e CDS-PP.
“Houve maioria absoluta, uma vez que o PSD com o CDS-PP têm maioria absoluta”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações à RTP 3, após o jogo da seleção de Portugal contra a Dinamarca, no Estádio de Alvalade, em Lisboa.
“Os eleitores aparentemente escolheram a solução da estabilidade e não propriamente soluções alternativas. Ao fim de tantas eleições disseram: vamos dar a este somatório, a estes partidos, que lá estavam, a chance para, com maioria absoluta, governarem”, acrescentou o Presidente da República.
O PS já começou com movimentações internas para tentar recuperar da perda eleitoral de domingo e não faltaram a críticas à decisão do líder, Paulo Cafôfo, de querer iniciar o processo interno para a liderança só depois das autárquicas.
Maximiano Martins, que foi o candidato do PS Madeira às regionais de 2011, confirma ao Jornal Económico (JE), que pretende fazer contatos internos entre socialistas para ajudar numa recuperação eleitoral.
A decisão de Cafôfo só querer iniciar o processo interno para a liderança depois da autárquicas mereceu críticas por parte de Miguel Gouveia e de Carlos Pereira.
Miguel Gouveia, que sucedeu a Cafôfo na presidência da Câmara Municipal do Funchal em 2019, considerou que “não estão reunidas condições para apresentar candidaturas fortes com uma liderança fragilizada. [Cafôfo] deveria sair já. Pelo menos colocar a questão aos órgãos internos”, disse o socialista, ainda no domingo, em declarações à RTP Madeira, durante a análise aos resultados eleitorais.
No domingo, em declarações à RTP, Carlos Pereira, defendeu que o resultado do PS Madeira merece uma “grande reflexão” do parte do partido, e mostrou-se disponível para poder ser candidato à liderança da força partidária.
“Estou sempre disponível para o PS, e estarei sempre disponível para os desafios que o PS achar que eu sou útil”, referiu Carlos Pereira ao canal televisivo.
Carlos Pereira considerou também que Cafôfo deveria “libertar o partido” para uma reflexão, depois das eleições de domingo, deixando para os socialistas, e não para Cafôfo, a decisão sobre que passo o PS deve dar depois dos resultados eleitorais de domingo.
À RTP, Carlos Pereira disse ainda que o ciclo de Cafôfo, enquanto líder do PS, pode “ter acabado” no domingo.
“O [PS Madeira] tem de ter uma reflexão muito grande para perceber o que aconteceu [nas eleições], ter um projeto que chame quadros novos para o partido, e chamando aqueles que foram afastados do partido”, disse Carlos Pereira.
Carlos Pereira criticou ainda o desempenho de Cafôfo, em vários atos eleitorais, referindo-se a eleições regionais, onde “nem ganhou eleições” nem conseguiu “formar um governo alternativo”.
Carlos Pereira considerou ainda que Cafôfo “tem de abrir a porta” do partido.
O Representante da República, Ireneu Barreto, aproveitou também o dia de ontem para anunciar a intenção de ouvir os partidos com assento parlamentar na Assembleia da Madeira, na próxima sexta-feira.
Recorde-se que o PSD subiu o número de mandatos de 19 para 23 deputados face às últimas regionais, realizadas em maio de 2024, e reforçou a sua votação de 36,1% para os 43,3%.
Seguiu-se o Juntos Pelo Povo (JPP), que passou de nove para 11 deputados, com a votação a crescer de 16,8% para 21%, enquanto que o PS passou de 11 para oito deputados e viu os votos reduzirem-se de 21,3% para 15,6%.
O Chega passou de quatro para três deputados e os votos caíram de 9,2% para 5,4%, enquanto que o CDS-PP passou de dois para um deputado e os votos desceram de 3,9% para 3%.
A Iniciativa Liberal (IL) manteve o deputado mas viu a sua votação recuar de 2,5% para 2,1% e o PAN perdeu a representação parlamentar.
A taxa de votação foi de 55,9%, ficando acima dos 53,4% das eleições de maio de 2024.
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