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PSI 20 com perdas consideráveis. Seis títulos com desvalorizações superiores a 3%

Restantes praças europeias negociaram no vermelho num dia em que seis títulos do PSI 20 fecharam a desvalorizar 3%.
  • Cristina Bernardo
27 Fevereiro 2020, 16h55

A bolsa nacional fechou a sessão com perdas consideráveis desvalorizando -3,10% para 4.952 pontos, sendo que esta tendência negativa marcou as restantes praças europeias, com o surto de coronavírus no centro das atenções.

A espiral de vendas atingiu a quase totalidade dos membros do PSI-20 (a única exceção foi a Ibersol), com seis deles a sofrerem perdas superiores a 3%.

A Galp lidera com um tombo de -5,00% para 13,03 euros. A Sonae também deslizou fortemente ao cair -4,45% para 0,7300 euros. A NOS tombou -4,46% para 3,72 euros; os CTT recuaram -4,34% para 2,42 euros; e a Altri perdeu -4,13% para 5,11 euros.

Os pesos-pesados caíram significativamente. O BCP perdeu -2,27% para 0,1723 euros; a EDP, após da notícia da venda de 1,8% da China Three Gorges em colocação privada e após a redução dos árabes da Mubadala para abaixo de 2%, fechou a perder -3,59% para 4,40 euros. As notícias especificas de empresas acabaram por não ter influência no curso da sessão. A principal acionista da EDP, a China Three Gorges, alienou 1,80% do capital da empresa (o equivalente a 65.820 milhões de ações) num processo de venda acelerada junto de investidores institucionais. As ações foram vendidas a 4,45 euros.

A EDP Renováveis (-1,11%) e a REN (-2,80%) registaram também correções expressivas. Já a Jerónimo Martins tombou -2,50% para 16,38 euros. A Navigator desceu -2,37% para 2,88 euros e a Mota-Engil caiu -2,78% para 1,397 euros.

Na Europa as quedas também foram expressivas. O EuroStoxx 50 tombou -3,4% para 3.455,92 pontos; o CAC caiu -3,32% para 5.495,6 pontos; o Dax recuou -3,19% para 12.367,5 pontos; o FTSE 100 desceu -3,49% para 6.796,4 pontos; o IBEX fechou a perder -3,55% para 8.985,9 pontos e o FTSE MIB de Milão perdeu -2,66% para 22.799,4 pontos.

“Os principais índices de ações europeus registaram perdas expressivas, mas ainda assim acabaram por aliviar um pouco o sentimento negativo na última hora de negociação. O coronavírus continuou no centro das atenções e a condicionar, justificando a queda mais expressiva do setor de Viagens & Lazer”, realçou Ramiro Loureiro, analista de mercados.

Este analista de mercados refere que “ainda assim, parece ter havido um alívio durante a tarde de que as quedas das últimas sessões possam ter sido algo exageradas, uma vez que indicadores técnicos como o RSI [Relative Strength Index] para o EuroStoxx 50 mostram entrada em território oversold (gráfico inferior na imagem abaixo). A nível empresarial na Europa destaca-se a reação bastante positiva às contas da Engie, que contrastou com o tombo da AB Inbev”.

Já o analista do BPI considerou que “a acumulação de evidências sobre o forte alastramento do vírus reforçou o nervosismo dos investidores”.

O número de infetados na Europa, no Irão e a Coreia do Sul continuam a aumentar numa progressão geométrica. No Japão, as escolas serão encerradas durante um mês e a Arábia Saudita declarou que irá interditar a entrada a peregrinos que se dirigem às cidades de Meca e Medina.

Também ao nível microeconómico, as evidências sobre os efeitos nocivos sobre a atividade das empresas europeias multiplicam-se, realça o BPI. A empresa de bebidas Anheuser-Busch,a a petrolífera Technip e a publicitária WPP reduziram as suas projeções para os resultados de 2020, apontando a epidemia de coronavírus como a principal razão. “Perante este cenário, marcado por uma notável imprevisibilidade, os investidores reduziram a sua exposição a todos os sectores que compõem o DJStoxx600”, acrescenta o BPI.

Em termos macroeconómicos, o Eurostat avançou que em 2018, a despesa do Estado representou 46,7% do PIB na União Europeia e 43,5% do PIB em Portugal. Os dado do Eurostat, trabalhados pelo GEE – Gabinete de Estratégia e Estudos, revelam que a despesa do Estado na União Europeia (UE) representou 46,7% do PIB em 2018, o mesmo valor registado em 2017. Em 2018, as principais funções com maior peso foram a Protecção Social que correspondia a 41,2% do total da despesa e a 19,2% do PIB, os Serviços Públicos que correspondiam a 7,4% do total da despesa e a 19,2% do PIB, e a Saúde que correspondia a 6,0% do total da despesa e a 7,0% do PIB.

Em Portugal, a despesa do Estado representou 43,5% do PIB em 2018, segundo a mesma fonte. As principais funções com maior peso na despesa foram a Protecção Social que correspondia a 17,1% do total da despesa e a 39,3% do PIB, os Serviços Públicos que correspondiam a 7,4% do total da despesa e a 16,9% do PIB, e a Saúde que correspondia a 6,3% do total da despesa e a 14,5% do PIB.

Segundo dado da Comissão Europeia, em fevereiro de 2020, o Indicador de Sentimento Económico para Portugal registou um valor de 105,7 pontos (106,9 pontos no mês anterior), o que compara com o valor de 106,9 pontos verificado em janeiro de 2020. Os dados da CE trabalhados pelo GEE, revelam que a evolução registada resulta dos contributos negativos dos sectores da Indústria (de -3,6 para -5,7 pontos), Serviços (de 7,9 para 7,6), Construção (de -6,4 para -8,2), excetuando-se o contributo positivo do sector do Comércio a Retalho (de 0,5 para 2,9). Para o mesmo período, Indicador de Confiança dos Consumidores registou um aumento de -8,4 para -6,8.

No mês em análise, o ISE registou um aumento de 0,5 pontos na União Europeia (de 102,5 pontos em janeiro para 103,0 pontos em fevereiro de 2020), enquanto a Zona Euro apresentou um aumento de 0,9 pontos (de 102,6 pontos em janeiro para 103,5 pontos em fevereiro de 2020), avança o GEE.

O petróleo está também a ser afectado pelo mesmo vírus dos mercados de ações. O Brent cai 1,78% para 52,48 dólares em Londres.

O euro sobe +0,84% para 1,0972 dólares.

Tal como nas sessões anteriores, as obrigações de Estado dos países com os ratings mais elevados foram os grandes beneficiados pela forte aversão ao risco dos investidores. Os juros da Alemanha a 10 anos estão nos -0,531%.

Portugal vê os juros a 10 anos agravarem 9,9 pontos base para 0,375%, ao passo que Espanha tem os juros a subirem 6 pontos base para 0,31%. Já Itália tem os juros a subirem 8,1 pontos base para 1,075%.

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