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Putin: “Rússia não pode existir sem soberania”

No quadro da tradicional conferência de fim do ano, o líder russo disse que a economia está a responder ao esforço de guerra de forma mais positiva que o esperado. E que assim vai continuar.
epa09910064 Russian President Vladimir Putin meets with Russian Olympic and Paralympic athletes during a state awards ceremony for Russian medal winners of the Beijing 2022 Olympic Winter Games at the Kremlin in Moscow, Russia, 26 April 2022. EPA/YURI KOCHETKOV
14 Dezembro 2023, 10h51

“A margem de segurança da economia russa é suficiente para estar em terreno firme e progredir”, disse o presidente Vladimir Putin na sessão combinada de perguntas e respostas no âmbito da tradicional conferência de imprensa de fim de ano.

O presidente russo falou especificamente dos três pilares da política do Kremlin: “O primeiro, e este é o mais importante, é a alta consolidação da sociedade russa. O segundo é a resiliência do sistema financeiro e económico do país. Acabou por ser uma surpresa para os nossos chamados ‘parceiros’ – e francamente para muitos de nós – que a Rússia tenha conseguido acumular esta margem de segurança e a estabilidade nas finanças e na economia ao longo das últimas décadas”, disse o presidente. “Definitivamente, o terceiro é a acumulação de capacidades do nosso componente de poder: forças armadas e autoridades de segurança”, acrescentou, citado pela agência Tass.

O presidente russo disse no âmbito da conferência anual que a Rússia não pode existir sem soberania, tornando-se uma tarefa crucial para o país fortalecê-la. “Já falei sobre isso muitas vezes, mas não faria mal repeti-lo mais uma vez: um país como a Rússia simplesmente não pode existir sem soberania; simplesmente deixará de existir sem ela, pelo menos na forma em que existe há mil anos”, observou o líder russo. “Dito isto, o principal é fortalecer a soberania”, disse Putin, quando questionado sobre suas prioridades de política interna e externa.

A conferência tem como pano de fundo informação económica dada a conhecer pelo Ministério das Finanças russo, que projeta que o PIB do país cresça 3,5% este ano e espera “tendências positivas” em 2024.

O ministro das Finanças, Anton Siluanov, anunciou que “o ano passado foi o ano das decisões sérias e da escolha de prioridades. E será justo dizer que escolhemos o caminho certo. Apoiámos as pessoas e os principais sectores da nossa economia, aqueles que criam empregos e asseguram a independência tecnológica da Rússia. Resultou: o PIB crescerá 3,5% neste ano e tendências positivas são esperadas no próximo ano também”, disse.

“O crescimento económico é fundamental para o bem-estar das pessoas. Apesar de todas as limitações, o apoio à economia é uma das partes mais importantes do orçamento”, acrescentou.

No entanto, o chefe de Estado sublinhou que a soberania é um conceito muito amplo. “Fortalecer a soberania externa, digamos assim, requer aumentar as capacidades de defesa e segurança do país ao longo de suas fronteiras. Trata-se também do fortalecimento da soberania pública, que inclui a proteção inequívoca dos direitos e liberdades dos cidadãos do país, bem como o desenvolvimento do nosso sistema político e parlamentarismo. Por fim, implica esforços para garantir a segurança nos campos da soberania e da economia”, explicou o presidente.

Vale a pena recordar que o ‘outro pano de fundo’ são as eleições presidenciais de março do próximo ano. Putin parece já estar em regime de campanha eleitoral – até porque não pode permitir-se perder a consulta. Para vários analistas ocidentais, essa vitória estará já plenamente assegurada. É que, se não fosse assim, o líder do Kremlin não se exporia à possibilidade de uma derrota – o que faria com que tivesse encontrado uma forma de suspender as eleições: no quadro de uma guerra externa, isso nem sequer seria muito difícil.

A conferência é feita com base em perguntas supostamente enviadas ao Kremlin pelos cidadãos russos.

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