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Qatar nega envolvimento do país no escândalo de corrupção do Parlamento Europeu

O ministro dos Negócios Estrangeiros do Qatar negou hoje que o seu país esteja envolvido no escândalo de corrupção ligado ao Parlamento Europeu, garantindo, num encontro com o líder da diplomacia da União Europeia, que são “informações enganosas”.
21 Dezembro 2022, 14h34

“Assegurei [ao representante da União Europeia para a Política Externa] Josep Borrell que se trata de informação enganosa divulgada indevidamente pela comunicação social que envolve o nome do Qatar no assunto”, afirmou Mohamed bin Abderrahman.

O chamado ‘Qatargate’ foi divulgado na semana passada, quando a polícia belga fez buscas a casas e gabinetes de eurodeputados e assistentes de grupos do Parlamento Europeu (PE) e acusou vários representantes, incluindo uma vice-presidente, de terem recebido dinheiro do Qatar e de Marrocos para influenciar decisões económicas em Bruxelas.

Numa reunião hoje realizada na Jordânia, os dois chefes das diplomacias do Qatar e da União Europeia falaram sobre o caso e acordaram na “necessidade de deixar as investigações em curso esclarecerem” a situação, como admitiram em mensagens publicadas na rede social Twitter.

O Qatar já tinha “rejeitado categoricamente” as informações sobre o seu alegado envolvimento no escândalo, mas esta foi a primeira vez que um alto responsável do país árabe falou abertamente sobre o assunto.

A operação levada a cabo pela polícia belga resultou na detenção, entre outros, da ex-vice-presidente do PE Eva Kalil, do seu companheiro, Francesco Giorgi, que já reconheceu a sua participação no esquema, e do ex-eurodeputado italiano Pier Antonio Panzeri.

As buscas da semana passada permitiram apreender cerca de 1,5 milhões de euros em dinheiro nas casas de Kaili e de Panzeri e numa mala que estava na posse do pai da eurodeputada grega, entretanto afastada do seu cargo de vice-presidente do PE.

Apesar de já não ser vice-presidente do PE nem estar no grupo dos Socialistas & Democratas, Kaili ainda é eurodeputada, não-inscrita.

A edição de segunda-feira do jornal Le Soir, que refere ter tido acesso à investigação, diz que Kaili admitiu aos investigadores que pediu ao seu pai para esconder parte dos milhares de euros que estavam na sua casa, tendo uma mala com dinheiro sido levada para o hotel Sofitel, onde estava alojado o progenitor da eurodeputada.

No entanto, o advogado da eurodeputada, Michalis Dimitrakopoulos, afirmou ao portal de internet Kathimerini que Eva Kaili remeteu a responsabilidade para Antonio Panzeri.

Eva “Kaili nunca admitiu ter pedido ao seu pai para retirar o dinheiro [da sua casa] e escondê-lo”, assegurou Dimitrakopoulos, acrescentando que a eurodeputada “só soube da existência do dinheiro momentos antes das buscas e pediu a sua devolução imediata ao dono, o senhor [Antonio] Panzeri”.

Um tribunal da cidade italiana de Bréscia adiou para janeiro a tomada de decisão sobre um pedido dos procuradores de justiça belgas para extradição da filha de Panzeri, Silvia, também associada ao escândalo de alegada corrupção, mas decidiu extraditar a mulher de Panzeri, Maria Dolores Colleoni, por existirem “provas sérias de culpa”.

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