Que visão temos para as nossas cidades? Que cidades queremos deixar às futuras gerações? Que modelos nos inspiram? Estas foram algumas das questões levantadas na conferência ‘Zona de Impacto Global – Pensar o ESG”, organizado pelo Jornal Económico em parceria com o Novobanco e que decorre na Faculdade de Arquitetura de Lisboa esta segunda-feira e que tem como foco o debate sobre a importância do ESG (ambiental, social e governança) para um mercado mais sustentável e justo.
Jorge Catarino, arquiteto e senior partner da Saraiva + Associados e ex-diretor municipal de planeamento urbano de Lisboa, defende que as cidades estão em permanente evolução, “são verdadeiros organismos vivos, pulsantes e dinâmicos” e como tal não é possível adiar mais a mudança que as cidades pedem.
“Quanto mais tempo demorarmos a agir, menor será a probabilidade de sucesso na mudança. Não somos um país rico, mas atuamos como tal. Quanto mais adiamos, mais pagamos o preço da mudança”, afirmou, relembrando que até 2050, prevê-se que 70% da população mundial resida em áreas urbanas.
Para o responsável essa mudança assenta em quatro pilares fundamentais: sustentabilidade, tecnologia, Comunidade e oportunidade.
O desenvolvimento urbano em Portugal aponta para uma concentração urbana de Caminha a Setúbal e ao longo da costa Algarvia. Um interior disperso, mas não menos produtivo. Uma grande área metropolitana, percorrendo o litoral centro e norte, com braços a entrarem pelo interior, com a coluna vertebral da Estrada Nacional N2 a unir esse interior.
“As cidades assumirão as centralidades desta mega-urbe e terão de garantir a permanência das suas características mais marcantes e que fizeram delas os polos de atracção principal da sua existência”, salientou.
Face a este cenário, Jorge Catarino defende que as opções para essa garantia podem passar: pela colmatação do tecido urbano e a sua reabilitação, quando os meios são escassos e há que otimizar recursos, pela a construção em altura em zonas de expansão otimizando o uso do espaço urbano, reduzindo o consumo de energia, aumentando a permeabilidade dos solos e da produção de agrícola (hortas urbanas).
“As cidades estão em constante transformação, são organismos vivos. E essa mudança é impulsionada pelas pessoas, pelas suas escolhas, pelos seus desejos, muitas vezes sem que se apercebam da forma como as cidades, por sua vez, as moldam”, sublinhou.
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