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Quanto mais elevado o nível de risco, maior o retorno

Os melhores produtos de poupança em 2021 foram aqueles que aproveitaram o rally de ações. O nível de risco 5 resultou em retornos muito elevados.
22 Janeiro 2022, 21h00

Os fundos de investimento mobiliários (FIM) vocacionados para aplicações em ações da América do Norte e ações europeias foram aqueles que registaram as melhores performances. Os 10 melhores FIM registaram rendibilidades anuais entre os 20% e os 30% anualizados a 7 de janeiro último, mas a generalidade dos fundos têm nível de risco 5 e dois deles têm o nível de risco máximo, que é 6. Estas informações são da APFIPP – Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimoniais. Na prática, boas rendibilidades implicam risco elevado e o ano de 2021 foi particularmente bom neste rally das ações de empresas cotadas nos mercados norte-americano e europeu. Diferente foi aprestação de mercados emergentes, que sofreram duramente com a crise de abastecimentos, com a subida do preço da energia e com a paragem forçada de atividades devido à pandemia.

Em detalhe, os melhores produtos de investimento e poupança foram da gestora IMGA, o IMGA Global Equities Selection categoria A e o IMGA Ações América categoria A, o primeiro inserido na categoria de fundo de ações globais e o outro na categoria de fundos de ações da América do Norte, e com rendibilidades, em 2021, de 30,2% e 29,8%. Muito próximos ficaram os fundos BPI América classe D e Caixa Ações Líderes Globais, com rendibilidades acima dos 28%, sendo que o gerido pela Caixa Gestão de Ativos tem um volume sob gestão de quase dois mil milhões de euros. Os restantes fundos mobiliários apenas têm algumas dezenas de milhões de euros. No ranking dos 10 melhores FIM estão ainda fundos do BPI, da Caixa, do Montepio e da IMGA.

Uma outra aplicação vencedora em 2021 foi nos fundos de investimento imobiliários. Fruto do bom comportamento do mercado de logística, do residencial e da manutenção do nível de preços no mercado de escritórios, a par de poucas perdas de inquilinos e de recuperação dos negócios em 2021 depois de um ano em 2020 com encerramentos de espaços devido à pandemia, os FII abertos de acumulação e abertos de rendimento revelaram valores de rendibilidade anualizada interessantes. Sendo um mercado que não se assemelha à vertente acionista, pelo facto de estar bastante mais protegido perante a volatilidade dos valores, as rendibilidades acima dos 3% são interessantes e tornam este modelo de poupança e investimento atrativo para contornar a erosão da inflação. Os FII têm um senão: o período de resgate, que torna esta solução inadequada para quem necessita de liquidez rápida. Registaram-se bons valores de rendibilidade anualizada a novembro último, de acordo com os dados da APFIPP para o NB Património, gerido pela GNB Real Estate, e gerou 5,5%, enquanto o Fundimo, dentro dos fundos abertos de rendimento, gerou 4,34% e o VIP, da gestora Silvip, conseguiu 3,62%. Nos fundos imobiliários de acumulação, e ainda de acordo com a APFIPP, as melhores performances foram o fundo AF Portfólio Imobiliário da Interfundos e o CA Património Crescente da Square Asset Management, com 4,72% e 4,35% de rendibilidade anualizada, respetivamente.

Risco compensa
Os fundos multi-ativos acabaram por ser uma alternativa que Rui Machado, diretor de Investimentos da gestora IMGA, releva. E isto porque conseguiram obter a rendibilidade da vertente acionista misturado com taxa fixa e, desta forma, geraram rendimentos médios muito interessantes, sem estarem excessivamente expostos ao equity. Nos multi-ativos moderados foram geradas rendibilidades acima de 4% e de 5%, destacando-se o fundo Montepio Global, que a um ano gerou 5,27%, enquanto o fundo “Caixa Investimento Socialmente Responsável atingiu 5,23%. Nos fundos multi-ativos equilibrados os resultados foram claramente superiores devido ao maior peso acionista e vários dos fundos ficaram acima dos 8% em 2021, destacando-se a performance do fundo BPI Seleção, com 10,89% de rendibilidade anualizada, segundo a APFIPP. Nos multi-ativos agressivos houve fundos com valores entre os 13% e 16% de rendibilidade, destacando-se o fundo NB Dinâmico, com 16,09% de rendibilidade anualizada. Esta foi uma tendência verificada ao longo do ano passado, em que as aplicações de risco foram uma constante.

Rendibilidades interessantes nos Fundos de Poupança Reforma
Os Fundos Poupança Reforma foram outra alternativa para preparar a vida pós-ativa. Na classificação da APFIPP estão divididos por nível de risco e isso significa ter mais, ou menos, ativos de risco. Dado o bom comportamento da vertente acionista em 2021 é claro que apenas a partir do nível de risco 4 é que foi possível obter rendibilidades que superaram o indicador da inflação. Alguns resultados muito interessantes foram obtidos pelo PPR da SGF com valores entre os 9% e 13,4%; ou ainda pelo fundo da IMGA com quase 9% e rendibilidade; ou entre os 6% e 7% temos fundos PPR do BIG e da Optimize. Com os níveis 5 e 6 de risco há resultados excelentes acima dos 11% de rendibilidade anualizada, destacando-se o fundo BPI Reforma Global Equities PPR com uma rendibilidade anualizada e 22,67%.

A nível de gestoras o maior volume de ativos pertence ao grupo Caixa, com a Caixa Gestão de Ativos, com valores próximos dos 9,5 mil milhões de euros. Os grupos Santander e Novobanco fecharam o “top3” em termos de volumes sob gestão. A dívida pública era a classe ativos com maior peso nas carteiras dos gestores de patrimónios, indica a APFIPP, que usa informações de novembro último. A dívida pública representava 44,3% dos ativos nas carteiras de gestão de patrimónios, seguida de fundos de investimento mobiliários, que significavam mais 22,6% da carteira. Depois existiam as obrigações diversas, a liquidez e ainda as ações e os fundos imobiliários. Os ativos estavam representados por euros em 93,5% dos casos, enquanto a moeda norte-americana representava 5,7% da moeda dos ativos e a libra esterlina cerca de 0,3%. Existia ainda 0,5% de ativos representados por outras moedas, caso do franco suíço e do iene.

Bons resultados no imobiliário
E quando se fala em poupança em Portugal é inevitável falar de imobiliário. Para o pequeno aforrador, a solução tem sido comprar para especular e revender ou, em alternativa, reabilitar para arrendar. Números do Confidencial Imobiliário revelam que o preço das casas subiu 12,2% em 2021, em termos gerais no país. E se olharmos os números desde o arranque da pandemia, em março de 2020, a subida do preço das casas foi da ordem dos 13,7%, segundo a mesma fonte. A maior subida aconteceu depois de abril último e o último trimestre registou uma valorização de 3,9%.

Preços das casas a subir mais em Lisboa do que no Porto
Por seu lado, um relatório recente publicado no site Idealista indica que a média do preço das casas em Portugal, em 2021, subiu 8,3%. Sendo que os preços continuam a subir em Lisboa, com mais 6,7% e no Porto com mais 2,2% e estes são os locais onde o preço por m2 estava mais elevado. No entanto, outras cidades registaram subidas expressivas em 2021, caso de Aveiro com mais 22,8%, Setúbal com mais 17,1% e Braga com mais 13,2%. Neste comparativo entre 2021 e 2020, o Idealista conclui que no ranking dos distritos mais caros está Lisboa com o preço na habitação a situar-se nos 3.725 euros/m2 e Faro a atingir os 2602 euros/m2. Em Lisboa–Centro o preço médio atingiu os 4.992 euros/m2 e no Porto–Centro os 3.014 euros/m2. O imobiliário residencial e de escritórios é uma oportunidade, mas tem riscos, nomeadamente o ambiente regulatório para o financiamento de famílias e empresas e a evolução da economia, que irá potenciar mais procura e poder de compra, ou o inverso. De qualquer forma, o investidor médio nacional gosta do imobiliário e de ter betão ou terra, alertam analistas. Independentemente de os custos com a reabilitação e construção estarem a subir, sobretudo devido aos constrangimentos logísticos dos materiais importados, a opção pela vertente imobiliária continua a ter adeptos entre os aforradores nacionais. A procura em Portugal continental está longe de ter a mesma intensidade em todos os locais, com as cidades de interior a registarem um preço considerável mais baixo do que as três regiões mais fortes: Lisboa, Porto e Algarve.

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