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Quanto vai custar a falta de adaptação às alterações climáticas?

Os chefes de estado e setores privados devem preparar-se para investir 1,8 biliões de dólares até 2030 para se adaptarem aos efeitos do aquecimento global. Um novo relatório da Comissão Global de Adaptação concluiu que a recompensa pode ser quatro vezes maior.
12 Setembro 2019, 07h40

A marcha contra uma catástrofe climática ganhou importância à escala global, mais especificamente devido ao investimento multimilionário que será necessário para dar gás ao movimento.

Esta segunda-feira, uma comissão internacional de funcionários governamentais e do setor privado, alertou aos países e empresas que têm 15 meses para iniciar as suas reformas que visam avançar com as adaptações climáticas necessárias. Em 2020, o aniversário de cinco anos do Acordo Climático de Paris, os signatários terão que atualizar os seus compromissos nacionais com o pacto das Nações Unidas. A comissão pediu um amplo reajuste da economia global.

A Comissão Global de Adaptação foi formada para ajudar a garantir que os sistemas sociais e económicos sejam fortalecidos para suportar as consequências das alterações climáticas. Tem também a tarefa de divulgar os incentivos financeiros e económicos, particularmente, os biliões de dólares que devem ser utilizados para ajudar no combate às alterações climáticas.

Num novo relatório, a comissão formada por 34 membros, concluiu que será necessário um investimento de 1,8 biliões de dólares (1,6 biliões de euros) até 2030 em cinco setores: sistemas de alerta climático, infraestruturas, agricultura em terra firme, proteção de florestas de mangue e gestão das águas. Feitas as contas, a Comissão estima que esses incentivos podem render aos cofres dos Estados até 7,1 biliões de dólares (6,4 biliões de euros) só em benefícios.

As propostas da comissão abordam muitas categorias de risco climático e como diferentes regiões geográficas serão afetadas individualmente. O documento exige melhorias de orçamento relativamente baixas, como sistemas de alerta precoce para tempestades. Por exemplo, divulgar informações ​​sobre tempestades com apenas um dia de antecedência pode reduzir os danos resultantes em 30%, de acordo com o relatório. Um investimento de 800 milhões de dólares (724 milhões de euros) pode evitar até 16 biliões de dólares (14 biliões de euros) em custos anuais.

À janela critica de 15 meses, as Nações Unidas chamam de “ano de ação”. 

O novo relatório visa trazer urgência à incorporação do risco climático em praticamente tudo o que governos e empresas fazem. No acordo de Paris, cada país apresentou “contribuições nacionalmente determinadas”, declarando os cortes que estão dispostos a fazer nas emissões de gases de efeito estufa, principalmente  através de novos preços sobre o carbono e energias renováveis. Para além disso, apesar de ser pouco falado, o pacto também obrigou as nações a definir políticas que visam como elas se adaptarão às alterações climáticas numa altura em que o planeta continua a aquecer. A comissão de adaptação, gerida pelo Instituto de Recursos Mundiais e pelo Centro Global de Adaptação, foi criada em 2018 para manter esse problema nas agendas nacionais.

Os chefes de estado, agências nacionais e líderes do setor privado compõem os 34 comissários de adaptação de 20 países, incluindo nações desenvolvidas como o Reino Unido, Canadá e Dinamarca e nações em desenvolvimento como Índia, China e Uzbequistão. Os EUA, que sob o mandato do presidente Donald Trump desistiram do acordo de Paris, não estão representados. Na segunda-feira, a comissão pediu um amplo reajuste da economia global.

Nos próximos 15 meses, os comissários vão procurar financiamento para as “linhas de ação” que consideram necessárias para preparar as pessoas para uma Cimeira de Adaptação ao Clima, na Holanda, em outubro de 2020 e as negociações subsequentes da ONU. Entre as propostas mais simples, também estão as mais potentes: “Tornar os riscos visíveis”. Uma vez que os atores económicos entendam os desafios de maneira mais explícita, “os setores público e privado podem trabalhar em conjunto para um risco de preço mais explícito na tomada de decisões económicas e financeiras”.

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