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Quão longe estamos dispostos a ir?

A Madeira vai sofrendo por ter no turismo o seu principal motor económico. Os principais empregadores começam a analisar o que foi 2020 e projetam o que poderá ser o próximo ano. Chegamos a um ponto onde o impacto financeiro foi tão forte que admitiu-se ser mais barato, após análise, demitir funcionários em vez de recorrer a apoios para fazer face a esta crise pandémica. Isto diz muito sobre os apoios concedidos às empresas que foram e são manifestamente insuficientes.
30 Novembro 2020, 07h15

Existe uma distância percorrida por todos desde o início da pandemia, independentemente do estrato social. As perdas não são necessariamente apenas monetárias. Nesta fase, em que todos compreendemos os princípios básicos sobre a higiene a ter com as nossas mãos, a utilização da máscara e o distanciamento social, eis que chega o momento em que necessitamos pesar na balança se vale realmente a pena confinar ao invés de reabrir, mas reabrir com uma fiscalização apertada e com coimas a sério para eventuais incumpridores.

A Madeira vai sofrendo por ter no turismo o seu principal motor económico. Os principais empregadores começam a analisar o que foi 2020 e projetam o que poderá ser o próximo ano. Chegamos a um ponto onde o impacto financeiro foi tão forte que admitiu-se ser mais barato, após análise, demitir funcionários em vez de recorrer a apoios para fazer face a esta crise pandémica. Isto diz muito sobre os apoios concedidos às empresas que foram e são manifestamente insuficientes.

A revisão do mercado britânico no mês de Dezembro sobre os destinos seguros será crucial para a reabertura de algumas unidades hoteleiras. Estou confiante que a Região receba luz verde, até pelo controlo que tem existido. Algumas companhias aéreas já admitiram publicamente que no próximo ano e com a distribuição das vacinas, a retoma das ligações aéreas começará a fazer-se sentir ainda que gradualmente e neste campo estamos bem posicionados. A fidelização de muitos turistas ao destino, aliando este facto à segurança e boas políticas levadas a cabo pelo executivo regional augura um ano onde os indicadores serão claramente favoráveis quando comparados com 2020.

Mas a economia da Madeira e Porto Santo é também constituída por PME’s. Com a mesma importância que os grandes grupos económicos, ou talvez maior, as empresas com menor volume de negócio viram o seu fluxo de caixa desaparecer e veio dar lugar, num curto espaço, a não renovação de contratos laborais e incumprimentos a fornecedores. Algumas investiram na digitalização dos seus negócios e conseguiram atenuar perdas. É necessário um sinal maior de incentivo para além dos apoios concedidos e refiro-me concretamente aos pacotes criados, numa tentativa de salvamento económico regional e nacional. Com a redução de horários, restrições no número de clientes em estabelecimentos comerciais e onde alguns fazem um esforço tremendo para manter os seus funcionários, é justo que nas contribuições fiscais possam haver lugar a isenções.

Conhecendo vários empresários, um pouco por toda a Região, todos falam sobre a legítima preocupação sobre as obrigações fiscais. Isto implica um amplo entendimento entre partidos. O posicionamento de Rui Rio a nível nacional, em estar ao lado das decisões do governo de António Costa, de modo a que todos pudessem remar para o mesmo lado, deve ser replicado na Região. Menos receita fiscal irá significar menos investimento público. Não sendo a receita perfeita e sabendo de antemão que não colhe opinião favorável de muitos, não deve deixar de entrar numa equação onde o principal objectivo é a manutenção de empregos e alavancar a economia.

O que não podemos é cair no facilitismo da subsidiodependência. Para lá caminhamos se as empresas não retomarem a sua actividade, até porque os apoios não duram para sempre.

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