A Galp vai investir 140 milhões de euros para levar vento a quatro centrais solares. A companhia quer hibridizar estas centrais, isto é, acrescentar energia eólica à energia solar. Desta forma, as centrais conseguem estar a produzir durante mais horas, incluindo durante a noite.
O projeto vai acrescentar um total de 143 MW nestas quatro centrais fotovoltaicas de Viçoso (+43 MW), Pereiro (+25 MW), São Marcos (+50 MW) e Albercas (+25 MW).
As centrais ficam localizadas no concelho de Alcoutim, distrito de Faro, e a nova potência vai produzir mais 349 GWh em média por ano, evitando a emissão de mais de 28 mil toneladas de CO2 anuais.
A nova potência eólica corresponde ao consumo total anual de 30 mil famílias, ligeiramente menos do que o total de habitantes do concelho de Beja (33 mil).
O projeto tem um prazo de execução de 15 meses, com uma vida útil de 25 a 30 anos, segundo a companhia liderada por Maria João Carioca e João Diogo Silva.
A companhia explica que este tipo de projetos “híbridos visa a otimização do diagrama de carga do projeto global, neste caso as quatro centrais fotovoltaicas existentes, conjuntamente com os quatro parques eólicos previstos instalar, cada um associado à respetiva central fotovoltaica, sem envolver qualquer alteração à sua potência de ligação”.
A energia solar é uma energia “variável, pois só existe produção de eletricidade durante o dia, quando a radiação solar assim o permite, embora tenha a grande mais-valia de estar disponível durante as horas de maior consumo de eletricidade. Esta energia pode complementar a energia eólica, que tem a mais-valia de estar disponível durante 24 horas, tendo um papel relevante em dias de menor disponibilidade solar, e especialmente durante a noite. Este facto é particularmente importante pois é necessário que, a todo o instante, haja um equilíbrio entre a procura e a oferta de eletricidade, uma vez que o seu armazenamento em larga escala ainda não é muito utilizado, à exceção do armazenamento potencial, viabilizado pelas soluções de bombagem hidroelétrica”.
O projeto está em consulta pública até ao início de maio.
“Embora se justifiquem algumas preocupações ambientais, estas serão minimizadas pela adoção das medidas de mitigação e compensação identificadas e propostas neste EIA, pela adoção de uma correta Gestão Ambiental na fase de construção do Projeto, bem como pela implementação dos Planos propostos”, segundo o Estudo de Impacte Ambiental (EIA).
“Por outro lado, enquanto Projeto destinado à produção de energia elétrica a partir de uma fonte renovável e não poluente – o vento – é claramente notório o seu papel positivo nas linhas de desenvolvimento preconizadas pelo Governo, no que respeita às metas a alcançar relativamente à redução de emissões de gases com efeito de estufa, e de produção/utilização de energia elétrica a partir de fontes renováveis não poluentes”, acrescenta a Galp.
“A implantação do Projeto é assim justificada pela pertinência que o mesmo detém na mitigação dos efeitos das alterações climáticas (…) salientando-se também o seu contributo na diminuição da dependência de combustíveis fósseis importados, numa conjuntura mundial atualmente pautada por uma grave crise energética, iniciada com a pandemia COVID-19 e agravada pelo conflito armado na Europa do Leste, e mais recentemente no médio oriente com a guerra de Israel-Palestina, que vem reforçar a premência do investimento em energias renováveis na diversificação da matriz elétrica e amenização da dependência energética externa do País”, segundo o documento.
A Galp inaugurou estes projetos em 2023. “Podia ser uma piada.” Foi assim que o gestor grego Georgios Papadimitriou qualificou a situação: um grego a falar em português a inaugurar uma central solar no Algarve.
“Este é o primeiro grande investimento da Galp no solar em Portugal”, disse o vice-presidente executivo de Renováveis da Galp na inauguração do projeto solar com 144 megawatts de capacidade, num investimento superior a 70 milhões de euros a 29 de setembro de 2023.
“Estamos em Alcoutim para ficar, para criar valor para esta comunidade, somos vossos parceiros e vossos vizinhos”, acrescentou na cerimónia que contou com personalidades do poder local, incluindo o autarca de Alcoutim, Osvaldo Gonçalves.
O projeto solar é composto por quatro centrais – São Marcos, Viçosa, Pereiro e Albercas – contando com 252 mil painéis numa área de 250 hectares. Tem capacidade para abastecer 80 mil famílias e evitar a emissão de 75 mil toneladas de CO2 por ano.
Georgios Papadimitriou também anunciou que a empresa já planeia aumentar a capacidade do projeto em 2 megawatts.
“Portugal é um destino atrativo para os investidores no setor das renováveis”, afirmou, elogiando medidas como o Simplex ambiental. “São exemplos para serem seguidos por outros governos”.
“A transição energética está a acontecer. Quatro anos depois do Green Deal, muita coisa foi feita no espaço europeu, mas a execução está longe da ambição,” afirmou.
“Precisamos muito acelerar investimentos,” afirmou, dando o exemplo dos investimentos de 650 milhões de euros anunciados esta semana pela Galp.
A companhia conta agora com uma capacidade instalada de 1,4 gigawatts em Portugal e Espanha, 5,5% da potência solar da Península Ibérica.
A Galp tem onze centrais solares em operação ou construção em Portugal e Espanha. “Estes ativos serão responsáveis pela produção de cerca de 2,4 TWh de energia renovável em 2023,” segundo a companhia.
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