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Queixas contra operadoras de telecomunicações low-cost disparam mais de 1.500% desde entrada da Digi

Na opinião de Pedro Lourenço, fundador do Portal da Queixa by Consumers Trust, “a entrada da Digi no mercado português veio dinamizar um segmento até então pouco explorado — o das telecomunicações low-cost — oferecendo uma alternativa de valor para os consumidores mais sensíveis ao preço”. No entanto os dados mostram que a marca não se preparou adequadamente para a avalanche de adesões que gerou.
5 Maio 2025, 18h50

Segundo o Portal da Queixa, disparou em mais de 1.500% o número de reclamações dirigidas às operadoras de telecomunicações low-cost que operam em Portugal.

Desde a entrada da Digi (novembro de 2024), os consumidores registaram mais de 2.700 ocorrências relacionadas com falhas no serviço, problemas na ativação e na instalação do serviço. A operadora romena lidera o setor ao absorver 74,9% das queixas, segundo a mesma plataforma.

Os dados do Portal da Queixa mostram mesmo que a categoria de Operadoras de TV, Net e Telefone Low-Cost registou um aumento significativo no número de reclamações nos últimos seis meses. De novembro de 2024 até abril de 2025, foram apresentadas pelos consumidores 2.799 queixas, observando-se um crescimento de 1.766%, em comparação com os seis meses anteriores (de maio a outubro de 2024), com apenas 150 reclamações registadas na plataforma.

Apesar de ter iniciado operações só em novembro de 2024, a operadora romena Digi veio agitar o setor. No mês da sua entrada, registou-se um pico superior a 500% no volume de queixas, o que colocou a nova operadora no topo da lista de reclamações até ao final do ano passado.

Na opinião de Pedro Lourenço, fundador do Portal da Queixa by Consumers Trust, “a entrada da Digi no mercado português veio dinamizar um segmento até então pouco explorado — o das telecomunicações low-cost — oferecendo uma alternativa de valor para os consumidores mais sensíveis ao preço”.

No entanto os dados mostram que a marca não se preparou adequadamente para a avalanche de adesões que gerou, falhando na entrega de um serviço minimamente satisfatório a muitos dos seus novos clientes.

A promessa de uma solução acessível e funcional saiu gorada para milhares de consumidores que hoje se sentem arrependidos com a mudança.

A Digi tem potencial para se afirmar de forma sustentável em Portugal, mas precisa urgentemente de reforçar a sua estrutura, melhorar os seus processos e adotar uma postura de maior proximidade com os clientes, sob pena de ver a sua reputação colada a uma imagem de desorganização e má qualidade.”

Recorde-se ainda que, durante o apagão nacional, a Digi foi a operadora móvel mais criticada pelos clientes, com falhas prolongadas e queixas a multiplicarem-se. No dia após o apagão (29 de abril), a Digi foi alvo de mais de 500 reclamações no Portal da Queixa. Foi ainda a última operadora a retomar os serviços de forma plena, deixando milhares de consumidores sem acesso a comunicações por mais de 24 a 48 horas consecutivas.

Em comunicado, a Digi veio dizer depois que “na sequência do apagão energético excecional que afetou Portugal, Espanha e partes de França, os seus serviços foram normalizados desde 29 de abril”.

No período analisado, a Digi Portugal é responsável por 74,9% das reclamações. Seguem-se a Amigo (11,97%), a Woo (7,81%), a UZO (5,25%) e a Liga T (0,08%).

Entre os motivos gerais de reclamação contra as Operadoras de TV, Net e Telefone Low-Cost estão a falha e indisponibilidade do serviço que gerou 30,9% das queixas; e a falha na ativação e instalação do serviço que foi a causa apontada em 19,4% dos casos denunciados.

Na origem de 12,4% estiveram o erro de faturação e a dificuldade no pagamento. Já o atraso e não portabilidade foi o motivo invocado em 11,1% das queixas e a falha de rede e cobertura (nacional e roaming) motivaram 10,85% dos casos registados.

A falta de resposta no atendimento ao cliente foi o problema mencionado em 9,95% das ocorrências e a dificuldade na gestão de contratos e serviços pesou uma fatia de 3,54%.

O Portal da Queixa diz ainda que 78,16% das reclamações dirigidas ao setor, nos últimos seis meses, foram apresentadas por homens, e que mais de 50% das reclamações são de consumidores entre 35-54 anos de idade (54,44%). Lisboa absorve 28,2% das reclamações, seguida do Porto com 19,6% e Setúbal (11,3%).

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