O Natal aproxima-se, e a tendência para a adoção de animais aumenta. Sobre este facto, tenho a defender: um animal não é uma prenda! Um animal é um compromisso que pode ir até aos 15 anos de vida ou mais. Por isso antes de adotar um gato, no caso, reflita antes sobre o que aqui se expõe.
Os gatos convivem connosco, humanos, há cerca de 10 000 anos, tendo mesmo alcançado importância social e civilizacional no Antigo Egito e até na Idade Média, contra todas as previsões religiosas e supersticiosas da época, quando se assumiu como decisivo no combate à Peste Negra.
Nos tempos atuais, registavam-se em 2022, 517 406 gatos no sistema de controlo e identificação de animais no nosso país, o que denota bem o acolhimento que lhes temos dado em nossas casas e nas nossas vidas.
Este animal, tão amado como incompreendido, é tendencialmente solitário, porém pode viver em grupo e até definir hierarquias. São animais territoriais e preferem territórios familiares e conhecidos para melhor controlo do ambiente. Têm um período de sociabilização com humanos entre as 2 e as 9 semanas após o nascimento (idade ótima para os adoptar, mas a sua aprendizagem social pode alargar-se por mais meses!). Saiba que os felinos têm comportamentos característicos da espécie para os quais tem de estar preparado: a arranhadura e a tridimensionalidade, o que significa que precisa de um arranhador para afiar as unhas para assim tentar poupar o sofá lá de casa…; e que saltam para as superfícies mais altas da casa, que vão desde estantes a armários, etc., incorrendo-se no risco de alguns objetos pessoais caírem para o chão e… se forem quebráveis, partirem.
Com isto não desanime se pensar em acolher um gato, porque há mais vantagens do que desvantagens na interação com estes animais encantadores. Basta conhecê-los comportamentalmente, respeitá-los e precaver situações indesejáveis.
Os gatos são capazes de demonstrar afeto por nós (e até por outras espécies) roçando-se em nós, demonstrando assim a sua afiliação e familiaridade connosco (na verdade estão a marcar-nos com o seu odor e a comunicar connosco). Mas se o quiser igualmente acariciar, prefira a cabeça ou por baixo do queixo e do pescoço. Na barriga é mais arriscado, mas pode correr bem.
De resto, o que é necessário é salvaguardar o bem-estar do animal, providenciando-lhe boa nutrição e hidratação; um ambiente confortável e enriquecido ocupacionalmente com recursos como comedouros interativos, jogos e enigmas, etc. esconderijos, árvores trepadoras; e outros brinquedos, na garantia do respeito pelo comportamento natural desta espécie. E se é daqueles que tem dúvidas relativamente ao treino de um gato, digo-lhe: sim, é possível treinar um gato! O gato é um animal inteligente, mas o seu treino deve ser adequado às suas características comportamentais e individuais. Nunca se deve obrigar um animal a fazer algo contrário ao seu instinto ou que lhe seja anti-natural! Sim, um gato não entende o conceito de castigo, por isso se o treinar vá sempre pelo Reforço positivo.
Em termos legais: o tutor tem o dever especial de cuidar do seu gato, por forma a não o colocar em risco; deve identificar obrigatoriamente o animal com microchip até 120 dias após o seu nascimento (consulte o seu veterinário); a vacina da raiva não é obrigatória e por cada fogo só pode ter até quatro gatos adultos. Abandonar, maltratar ou causar a morte de um animal é punível com multa ou mesmo prisão.
Mas, asseguro, é compensador e benéfico conviver com um animal como um gato que tem efeitos terapêuticos em nós, humanos: induzem relaxamento, reduzem a tensão arterial, reduzem a ansiedade e o stresse e melhoram o humor.
Os animais, são catalisadores das nossas emoções e tranquilizam-nos, gostam naturalmente de nós e não nos julgam. Ainda assim, reflita bem antes de o adotar. E tenham, ambas as espécies, um bom Natal!
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