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Quer ir trabalhar para o Reino Unido? Precisa de obter 70 pontos

O Governo britânico divulgou esta quarta-feira o sistema de pontos ao estilo australiano. “Os cidadãos da União Europeia e de países terceiros serão tratados da mesma forma”, garante Londres.
19 Fevereiro 2020, 10h43

O Reino Unido deverá fechar as suas fronteiras a trabalhadores não qualificados ou àqueles que não saibam falar inglês já no próximo ano, e o Governo britânico começou a preparar terreno para fazer a revisão do quadro legal dos imigrantes. O Executivo liderado por Boris Johnson divulgou esta quarta-feira o sistema de pontos (ao estilo australiano) que os cidadãos precisarão de cumprir para se candidatarem a um trabalho no país. Na prática, serão necessários 70 pontos.

“Estamos a pôr fim à livre circulação e introduziremos uma Lei da Imigração que traga um sistema firme e justo baseado em pontos que atrairá os trabalhadores altamente qualificados de que precisamos para contribuir para a nossa economia, as nossas comunidades e os nossos serviços públicos. Pretendemos criar uma economia de altos salários, altas qualificações e alta produtividade”, explicou o Governo do Reino Unido.

Desde as 23h00 da sexta-feira, 31 de janeiro, que o Reino Unido deixou de estar representado nas instituições europeias, consumando-se, assim, o divórcio entre Londres e Bruxelas. Logo no dia seguinte, arrancou um período de transição de cerca de 11 meses, de acordo com o que ficou estipulado no Acordo de Saída (artigo 126.º) que teve ‘luz verde’ no Parlamento Europeu em meados de janeiro.

Agora, o Reino Unido quer mudar as regras, assegurando, simultaneamente, a igualdade de tratamento entre trabalhadores. “Estamos a implementar um novo sistema que transformará a maneira pela qual todos os migrantes vêm ao Reino Unido trabalhar, estudar, visitar ou juntar-se à família (…). A partir de 1 de janeiro de 2021, os cidadãos da União Europeia e de países terceiros serão tratados da mesma forma. Reduziremos os níveis gerais de migração e daremos prioridade às pessoas com as mais altas competências e os maiores talentos: cientistas, engenheiros, académicos”, ”, refere o documento governamental.

Características Negociável Pontos
Oferta de emprego por um responsável aprovado Não 20
Trabalho a um nível de competência apropriado Não 20
Inglês a um nível adequado Não 10
Salário de 20.480 libras (mínimo) – 23.039 libras Sim 0
Salário de 23.040 libras (mínimo) – 25.599 libras Sim 10
Salário de 25.600 libras ou superior Sim 20
Trabalho numa ocupação de escassez designada Sim 20
Qualificação educacional: Doutorado num assunto relevante para o trabalho Sim 10
Qualificação educacional: Doutorado num tema “Stem” (tecnologia, ciência, engenharia…) relevante para o trabalho Sim 20

Fonte: Governo do Reino Unido

Já no fim de semana o ministro britânico do Interior havia sinalizado esta intenção. “A partir do próximo ano, todos os trabalhadores qualificados precisarão de ganhar pontos suficientes para trabalharem no Reino Unido. Eles precisarão de falar inglês, ter uma oferta de emprego firme e atender a alguns requisitos salariais”, escreveu Priti Patel no jornal “The Sun” no passado domingo.

Quem está contra esta medida?

Há quem não esteja de acordo com este sistema que o governo vai implementar e acusam o Executivo de um ataque à economia que pode ter consequências “desastrosas”, como o aumento do desemprego e o encerramento de várias operações fabris. Os Trabalhistas e os Democratas Liberais condenaram os planos apresentados por Boris Johnson, e os sindicatos dos trabalhadores da saúde apontaram que isto “significa um desastre absoluto para o setor de assistência médica”.

O diretor da Federação de Recrutamento e Empregabilidade, Tom Hadley, sublinhou que “os trabalhos que o governo considera ‘pouco qualificados’ são vitais para o bem-estar e crescimento dos negócios”, uma vez que o sistema precisa de “trabalhadores que queiram ajudar com os idosos, trabalhar na construção e manter a economia forte”.

A diretora da Federação da Indústria Britânica, Carolyn Fairbairn, disse que a limitação do número de trabalhadores que chegam são “bem-vindas”, mas avisou que alguns setores irão sofrer, pois dependem de quem se sujeite a salários mais baixos para que os negócios continuem a avançar. “Com o nível de desemprego baixo, as empresas de assistência, construção, hospitalidade e alimentação podem ser as mais afetadas”, disse a responsável da indústria.

Dependentes da mão de obra barata e não qualificada estão alguns hotéis, que contam com os empregados para fazer limpezas, trabalhar na cozinha ou de camareiros. Também as grandes empresas e algumas habitações contam com trabalhadores não qualificados para as limpezas e segurança. A Escola Real de Enfermagem foi ainda uma das que se insurgiu contra as medidas apresentadas pelo Executivo, defendendo que estas “não correspondem às necessidades de saúde e assistência da população”.

https://jornaleconomico.pt/noticias/reino-unido-vai-impedir-entrada-de-trabalhdores-sem-qualificacao-548357

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