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Presidente de Angola propõe homólogo do Togo como novo mediador para o Congo

João Lourenço, na presidência rotativa da UA, convocou ontem a primeira reunião da mesa da assembleia com o intuito de ser designado um novo mediador para o conflito entre a RD Congo e o Ruanda.
Angolan President Joao Lourenco poses for a photo on the day of a meeting with U.S. Secretary of State Antony Blinken at the Presidential Palace in Luanda, Angola, January 25, 2024. Andrew Caballero-Reynolds/Pool via REUTERS/File Photo
6 Abril 2025, 11h05

O Presidente de Angola, que desempenhava o papel de mediador da União Africana (UA) no conflito em curso no leste da República Democrática do Congo (RD Congo), propôs este domingo, 6 de abril, o homólogo do Togo como seu sucessor.

João Lourenço, na presidência rotativa da UA, convocou ontem a primeira reunião da mesa da assembleia com o intuito de ser designado um novo mediador para o conflito entre a RD Congo e o Ruanda.

Segundo um comunicado da UA, o Presidente angolano informou, na reunião, realizada virtualmente, que as abordagens preliminares ao Presidente do Togo, Faure Gnassingbé, “tinham obtido uma resposta positiva”.

Contudo, os chefes de Estado e Governo dos 55 Estados-membros da UA terão de dar ainda o seu aval.

Angola anunciou em 24 de março que renunciava ao seu papel de mediador, dois meses depois de assumir a presidência rotativa da UA.

O conflito no leste da RDCongo adensou-se no final de janeiro quando o grupo rebelde Movimento 23 de Março (M23) capturou Goma, capital de Kivu do Norte, e Bukavu, capital de Kivu do Sul, ambas na fronteira com o Ruanda e ricas em minerais como o ouro e o coltan, essenciais para a indústria tecnológica e de fabrico de telemóveis.

A atividade armada do M23, grupo constituído maioritariamente por tutsis (grupo étnico) que sofreram o genocídio do Ruanda em 1994, foi retomada em Kivu do Norte em novembro de 2021 com ataques-relâmpago contra o Exército congolês.

Em janeiro passado, os confrontos que eclodiram em Goma e nas zonas vizinhas causaram mais de 8.500 mortos, segundo o ministro da Saúde Pública congolês, Samuel Roger Kamba.

De acordo com a Organização Internacional para as Migrações, cerca de 1,2 milhões de pessoas tiveram de abandonar as províncias de Kivu do Norte e Kivu do Sul desde o aumento da ofensiva do grupo M23, que, segundo a ONU, é apoiado pelo Ruanda.

Os esforços de mediação desenvolvidos por Angola foram sistematicamente gorados, tendo João Lourenço anunciado renunciar a esta tarefa, para a qual havia sido incumbido pela UA antes de assumir a liderança rotativa da organização, depois de os Presidentes da RD Congo, Felix Tshisekedi, e do Ruanda, Paul Kagame, se terem reunido no Qatar, no mesmo dia em que se deveria ter realizado em Luanda um encontro entre delegações do Governo democrático-congolês e do M23.

Este primeiro contacto direto entre as partes acabou por acontecer esta semana no Qatar.

João Lourenço já havia manifestado vontade de passar o papel de mediador do conflito no leste da RD Congo, quando assumiu a presidência rotativa da UA.

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