Diversos relatórios técnicos que o elEconomista.es teve acesso mostram como a empresa já identificava há meses os riscos associados à sobretensão, à congestão da rede e à falta de inércia do sistema provocada pela crescente penetração das energias renováveis.
O primeiro sinal de que esses problemas estavam a agravar-se surgiu nos dias 22 e 23 de abril, quando ocorreram os primeiros cortes na rede da Adif (o que provocou a paralisação do tráfego ferroviário a partir de Madrid Chamartín por várias horas) e na refinaria da Repsol em Cartagena.
O operador foi forçado a intervir urgentemente para evitar sobrecargas e desequilíbrios, e mesmo assim surgiram problemas sobre os quais não foi emitido nenhum comunicado. Os relatórios de restrições desses dias específicos de abril – ainda não estão disponíveis os dados do dia do apagão – reforçam a ideia de que o sistema enfrenta uma pressão constante também em sua rede de distribuição. Empresas como E-Distribución, i-DE ou E-Redes solicitaram repetidamente limitar ou redistribuir a geração devido a sobrecargas, sobretensões e saturação de subestações em regiões como Levante, Andaluzia e o centro da península.
Aliás, o executivo liderado por Pedro Sánchez aponta responsabilidades aos operadores privados, com especial foco na Red Eléctrica, entidade responsável pela gestão da rede de transporte de eletricidade em Espanha. É também a Red Eléctrica que está a ser questionada por ter, alegadamente, ignorado cinco anos de avisos técnicos.
Em 2020, estudos internos da Red Eléctrica alertaram que seria “imprescindível” reforçar a capacidade de armazenamento e interligações para garantir a operabilidade da rede elétrica durante a transição energética. Na altura, os técnicos previram que Espanha, com menor interligação ao resto da Europa, estaria mais exposta a instabilidades. No entanto, as medidas recomendadas foram aplicadas de forma lenta ou não saíram do papel.
Entretanto, a presidente da Red Eléctrica já veio dizer que “não é correto” associar o apagão às energias renováveis. Em entrevista à rádio Cadena SER, Beatriz Corredor garantiu que “o sistema elétrico espanhol é o melhor da Europa” e informou que a operadora está a receber milhões de dados para “conhecer milissegundo a milissegundo” o que aconteceu.
Disse que as causas do apagão continuam a ser investigadas, mas que estão “mais ou menos localizadas”. Beatriz Corridor reiterou que, em cinco segundos, houve duas “desconexões massivas” antes do apagão, que colocou a zero todo o sistema e as ligações da Península Ibérica com França. Deixou ainda a garantia de que a falha de energia não voltará a acontecer.
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