Luís Rodrigues está pronto para assumir as funções de CEO da TAP já esta sexta-feira, 14 de abril, regressando pela “porta grande” à casa que o acolheu entre junho de 2009 a dezembro de 2014, após o afastamento de Christine Ourmières-Widener, a gestora que recolocou a companhia aérea na rota dos lucros após cinco anos de prejuízos.
“Hoje, a TAP está mais forte”. Christine Ourmières-Widener despede-se da companhia aérea com “saudade”
O novo CEO chega da açoriana SATA, onde estava desde o início de 2020, para assumir uma posição que, como já se percebeu nos últimos meses, pode constituir-se como o maior desafio da carreira do gestor português.
Um facto curioso é que Luís Rodrigues liderou o processo de reestruturação da transportadora aérea açoriana, que envolveu a Comissão Europeia mas um plano mais suave (e naturalmente, com menos visibilidade). Agora, o novo gestor vai manter-se em modo “reestruturação” na TAP, com os eixos definidos por Bruxelas.
O anúncio da data para a chegada do novo CEO aconteceu esta quarta-feira através do Governo, depois de ter atirado o nome do executivo para os holofotes mediáticos, após o despedimento “relâmpago” de Christine Ourmières-Widener e Manuel Beja, a 6 de março, após ser conhecido o relatório do IGF a propósito da indemnização de 500 mil euros atribuída à antiga administradora da TAP, Alexandra Reis.
Segundo comunicado do Executivo, Luís Rodrigues vai assumir o cargo de presidente do conselho de administração (PCA) e da comissão executiva (PCE), ou seja, assumindo os cargos conjuntos de Christine Ourmières-Widener e de Beja.
“A entrada em funções segue-se à aprovação, dia 12 de abril, do novo PCA em Assembleia-Geral de acionistas, em que o Estado se faz representar pela Direção-Geral do Tesouro e Finanças, e na qual foram também adotadas as decisões finais sobre os procedimentos legalmente previstos para a destituição dos titulares dos cargos de PCA e PCE, cujo último dia em funções será 13 de abril”, lê-se no comunicado do Ministério das Finanças.
Pronto para ocupar o lugar que tem vindo a arrefecer, o gestor de 58 anos tem à sua frente grandes desafios impostos pelo Governo de António Costa: devolver a confiança e paz social à TAP, bem como manter a implementação do plano de reestruturação com sucesso; conduzir o processo de abertura e privatização do capital da TAP; assegurar os acordos de empresa alinhados com sustentabilidade futura, financeira e operacional; e garantir o sucesso das negociações com as estruturas sindicais.
Assim, o gestor chega à TAP antes do praticamente anunciado processo de reprivatização, depois de ter ‘abandonado’ a empresa ainda na liderança de Fernando Pinto, altura de pré-privatização de David Neeleman e Humberto Pedrosa. Luís Rodrigues regressa à casa que o acolheu durante anos também já depois do Governo Regional dos Açores anunciar, em dezembro de 2022, que iria indigitar o gestor para futuro presidente da holding açoriana, algo que já não se irá realizar.
Enquanto administrador executivo da TAP, Luís Rodrigues foi responsável pela gestão de escalas em mais de 90 destinos, tendo criado e implementado um programa de redução global de custos da companhia. Em abril de 2014, o gestor assumiu funções enquanto diretor financeiro (CFO) e liderou, no mesmo tempo, as áreas de Recursos Humanos, Relações Laborais, T&I, Compras, Auditoria, Serviços de Saúde e Legal.
Aquando da revelação do nome do novo presidente executivo da TAP, na mesma conferência de imprensa em que Manuel Beja e Christine Ourmières-Widener foram exonerados das suas funções na companhia aérea, o ministro das Infraestruturas descreveu Luís Rodrigues como alguém “com muita experiência no sector” e como sendo “um quadro português que dá todas as condições ao Governo de capacidade de execução do seu mandato e para enfrentar os difíceis desafios que tem a TAP”.
Luís Rodrigues chega numa altura sensível para a companhia aérea tendo em conta os vários dossiers em que a TAP está envolvida, algo que originou a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito à gestão da empresa. No entanto, o novo CEO tem, de acordo com o Executivo, o perfil para ser o rosto da ‘mudança de página’ e manter a TAP no caminho dos lucros.
A 21 de março, ainda sob a gestão de Christine Ourmières-Widener (ainda que demissionária), a TAP apresentou lucros de 65,6 milhões de euros referentes a 2022, uma melhoria em relação aos prejuízos do ano anterior, e o regresso a resultados positivos algo que não acontecia desde 2017. Os lucros apresentados pela então CEO antecederam em dois anos o prazo estipulado pelo plano de reestruturação imposto por Bruxelas.
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