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Região Norte aposta numa maior ligação emocional para crescer

Em entrevista ao Jornal Económico, Luís Pedro Martins, presidente da TPNP, elenca prioridades para o mandato, durante o qual quer melhorar as receitas e reforçar a coesão tendo por base o turismo.
7 Abril 2019, 14h00

A grande maioria veio de Espanha, França e Brasil. Em 2018, a região do Porto e Norte de Portugal recebeu 4,5 milhões de turistas, com uma estada média de 1,8 noites, o que se traduz em oito milhões de dormidas e 500 milhões de euros de proveitos.

A radiografia traçada ao Jornal Económico por Luís Pedro Martins, recém-eleito Presidente da Entidade Regional do Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP), surpreende pela dimensão dos números e pela nacionalidade do terceiro mercado emissor: o Brasil.

“Quando falamos do mercado brasileiro, que é um mercado que vem no nosso inverno, ou quando falamos no mercado espanhol, que vem já em qualquer altura do ano, isso obriga-nos a ter muita atenção”, explica Luís Pedro Martins, que elege a sazonalidade como um dos fatores a combater nos próximos anos.

O presidente da TPNP tem pela frente um consulado de cinco anos, durante os quais quer superar a fasquia dos 4,5 milhões que, no ano passado, visitaram a região Norte. Para isso, aposta no reforço de “uma estratégia que permita tornar os visitantes clientes, isto é, fazer com que as pessoas ganhem uma ligação emocional que as vai fidelizar a este destino”.

Outras das metas passa, num futuro próximo, por “melhorar as receitas e reforçar a coesão territorial, levando a que todas as pessoas que nos visitam conheçam todas as subregiões que compõem o nosso espaço geográfico. Para isso, o reforço do trabalho em rede é essencial”.

Atualmente, a larga maioria dos que visitam o Norte do país escolhem os concelhos de Matosinhos, Gaia e Porto, que em conjunto representam 75% do número total. E sozinho, o Porto fica com uma fatia de 55%.

Que outros resultados ambiciona? “Gostaria de ter mais turistas distribuídos por toda a região. Este é claramente um desafio que assumimos, sem nunca esquecer que a cidade do Porto é um destino com uma marca muito forte”.

Luís Pedro Martins sabe do que fala. No ano passado, a Torre e Igreja dos Clérigos, de que era director executivo, atingiu o recorde histórico de 1,3 milhões de visitantes, tornando-se não só o lugar mais visitado do Porto como também um dos principais lugares de visita do país. De alguma forma, é este o exemplo que gostaria de replicar em todo o norte.

Filho de um transmontano de Bragança e de uma aveirense, transporta no próprio ADN a diversidade da região. “O Porto e o Norte, em conjunto, têm do melhor que existe em Portugal em paisagem natural, na biodiversidade, em saúde e bem-estar, no turismo religioso, na gastronomia, nos vinhos”, sublinha.

Exemplificando: no turismo religioso, Braga, com a Semana Santa, por exemplo, o Bom Jesus, agora candidato a património mundial da Humanidade, as fantásticas e esmagadoras paisagens de Trás-os-Montes, o riquíssimo Douro, com experiências de enoturismo, o Minho e a sua diversidade gastronómica, Arouca e todos os concelhos vizinhos pela sua natureza, pelas expressivas festas de Santa Maria da Feira, de experiências fantásticas como a Feira Medieval.

A Entidade de Turismo do Porto e Norte tem debaixo da sua responsabilidade a promoção da região no território nacional e em Espanha, apenas. No resto do mundo, a promoção está a cargo da Associação de Turismo do Porto, da qual faz parte. Luís Pedro Martins destaca a cooperação existente entre as duas instituições. “Estamos a tentar trabalhar de mãos dadas e em rede”. Outra prioridade é “trabalhar de perto com as comunidades intermunicipais, com os municípios e com os parceiros privados na estruturação dos vários segmentos do turismo, seja o religioso, seja o enoturismo, seja o termalismo”.

Salienta que a sua liderança  “quer juntar, unir” e tem linhas de orientação claras. Exemplo?

“Privilegiar tudo o que sejam projetos transversais ao  território, que não se confinem apenas a um município, que possam juntar vários municípios para ganhar escala e para dessa forma serem mais facilmente promovidos.” À cabeça da lista de exemplos que dá, destaque para a Estrada nacional 2, que atravessa todo o país interior, e os caminhos de Santiago.

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