O Chega vai apostar no lançamento de um “amplo debate e discussão” para apurar responsabilidade na gestão da resposta à Covid-19 nos lares de terceira idade portugueses aquando da reabertura dos trabalhos parlamentares, com a conferência de líderes marcada para 9 de setembro. Algo que pode passar por uma comissão de inquérito, antecipando-se que seja possível obter consenso “de todas as forças partidárias que não o PS”, mas que num primeiro passo implicará uma iniciativa do deputado único André Ventura para que a Assembleia da República intime o Governo a entregar aos deputados, sob garantia de confidencialidade, o relatório enviado ao Ministério Público pelo Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social sobre o lar de Reguengos de Monsaraz, no qual morreram 18 pessoas devido à pandemia.
Segundo André Ventura, essa seria a melhor forma de “avaliar de que lado está a razão” – na sequência da auditoria realizada pela Ordem dos Médicos, que causou polémica com o Governo, sanado numa reunião do primeiro-ministro com o bastonário Miguel Guimarães -, permitindo à Assembleia da República apurar “que instituições falharam ou não e apurar responsabilidades políticas”, nomeadamente no que toca à intervenção de António Costa e da ministra da Solidariedade, Ana Mendes Godinho. “Sem prejuízo de o Ministério Público apurou responsabilidades criminais”, acrescentou.
“Vale a pena debater publicamente o que outros partidos pensam para que haja uma proposta consensual de criação de uma comissão de inquérito”, disse Ventura ao Jornal Económico. E nesse âmbito, como nos casos do incêndio de Pedrógão Grande e das vendas de imóveis levadas a cabo pelo Novo Banco, chamar à Assembleia da República os “intervenientes que dizem coisas diferentes” quanto ao que se passou no lar da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva.
Também o líder social-democrata Rui Rio apelou na segunda-feira ao Governo para divulgar publicamente o relatório que o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social enviou ao Ministério Público a 16 de julho, como revelou António Costa na entrevista ao “Expresso”. “Temos de continuar nesta confusão, com uns a responsabilizarem os outros, sem sabermos exatamente o que aconteceu?”, questionou.
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