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Rei emérito Juan Carlos I vai abandonar Espanha

O envolvimento do rei emérito em negócios pouco recomendáveis e a existência de duas fundações suspeitas impedem Juan Carlos de continuar em Espanha. O filho, Filipe VI, já se tinha distanciado de Juan Carlos, na tentativa de conter os estragos provocados à monarquia.
3 Agosto 2020, 17h51

O rei emérito espanhol, Juan Carlos I, acaba de comunicar ao seu filho Filipe VI a sua “decisão ponderada de sair da Espanha” e deixou de residir no Palácio da Zarzuela, onde vive há 58 anos,  depois de nas últimas semanas se ter agudizado o tom muito critico com que todos os quadrantes políticos sem excessão analisavam o seu envolvimento como ‘facilitador’ em negócios pelos quais recebeu milhões de euros.

“Majestade, prezado Filipe, com o mesmo desejo de serviço à Espanha que inspirou o meu reinado e diante da repercussão pública que certos eventos passados ​​na minha vida privada estão a gerar, desejo expressar a minha disponibilidade absoluta para ajudar a facilitar o exercício das suas funções de a tranquilidade e a calma que a sua alta responsabilidade exige. Guiado pela convicção de prestar o melhor serviço aos espanhóis, às suas instituições e a você como rei, comunico a minha decisão ponderada de me mudar para fora de Espanha neste momento. Uma decisão que tomo, com profundo sentimento, mas com grande serenidade. Sou rei da Espanha há 40 anos e sempre quis o melhor para a Espanha e para a coroa”, refere o texto da carta que Juan Carlos enviou a Filipe VI. Segundo a declaração da Casa del Rey – que divulgou a carta – Felipe VI transmitiu ao pai o seu “sincero respeito e gratidão pela decisão”.

A decisão do rei emérito ocorre após as investigações iniciadas pelos promotores suíços e espanhóis sobre os supostos fundos de Juan Carlos sediados em paraísos fiscais. O advogado do rei emérito também divulgou uma declaração em que garante que, apesar da saída de Juan Carlos de Espanha, o seu cliente está à disposição do Ministério Público para qualquer procedimento ou ação considerada apropriada.

Recorde-se que em 15 de março passado, Filipe VI tomar anunciou a sua decisão de privar o pai da renda de quase 200 mil euros anuais que recebei do erário público, ao mesmo tempo que renunciava a qualquer herança que poderia corresponder às suas contas do pai no exterior. Além das dúvidas levantadas pela decisão – uma herança não pode ser renunciada até a pessoa que faz o legado morrer, apressaram-se a esclarecer alguns analistas – o significado era claro: o rei rompeu todos os laços com o pai.

Os problemas de Juan Carlos I começaram no verão de 2018, quando agentes da Polícia Judiciária Suíça enviados pelo promotor Yves Bertossa começaram a investigar o gestor de fundos Arturo Fasana. A fundação do Zagatka, de Álvaro de Orleans, primo distante do rei emérito, e a Fundação Lucum, cujo primeiro beneficiário era Juan Carlos I e o segundo Filipe VI, entraram rapidamente no radar das investigações.

O rei emérito não está a ser investigado, embora fontes judiciais suíças não descartem essa possibilidade no futuro. As informações enviadas pela Suíça às autoridades judiciais espanholas levantaram dúvidas sobre o comportamento do rei emérito após junho de 2014, quando perdeu a imunidade.

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