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Reindustrialização falha por “pouca inteligência de políticas públicas”, considera presidente da Partex

Durante um ‘webinar’, de um ciclo promovido pela Ordem dos Engenheiros, o responsável da Partex atribuiu os sucessivos falhanços de anteriores programas de relançamento da industrialização à “pouca inteligência das políticas públicas”.
18 Maio 2020, 19h42

A reindustrialização tem falhado “por pouca inteligência de políticas públicas”, mas poderá haver um ressurgimento devido aos impactos causados pela pandemia de covid-19, disse hoje o presidente da Comissão Executiva do grupo Partex, António Costa e Silva.

Durante um ‘webinar’, de um ciclo promovido pela Ordem dos Engenheiros, o responsável da Partex atribuiu os sucessivos falhanços de anteriores programas de relançamento da industrialização à “pouca inteligência das políticas públicas”.

“Temos de ter receitas novas e sou contra a ortodoxia de direita e esquerda”, afirmou.

Para António Costa e Silva, é preciso “um novo sistema que assegure por um lado a formação de ‘clusters’”, que podem incluir empresas da área da saúde, biotecnologias, energias renováveis, ciência dos materiais, entre outras.

Numa conversa com o bastonário da Ordem dos Engenheiros, Carlos Mineiro Aires, António Costa e Silva comentou as consequências da pandemia e considerou que a “economia vai estar transformada numa economia ‘zombie’” até se ver como sair.

“O único caminho é a valorização da ciência”, garantiu.

Para o presidente da Partex, é preciso haver uma “revalorização do Estado, sendo que os mercados são plataformas extraordinárias, mas tem de haver simbiose entre Estado e mercados”.

“Vamos ter um estado mais interventivo na regulação e na assistência às empresas. As empresas rentáveis e que tinham futuro em 2019 têm de ser apoiadas. Temos de resistir às tentativas do Estado nacionalizador”, referiu, apelando para que se salvem “o maior número de empresas possíveis” e, com isso, o emprego.

Segundo António Costa e Silva, em termos de futuro existe uma “emergência das empresas com ativos físicos muito ligeiros e com crescimento muito grande”, sendo que “esta crise, ao dar primazia às empresas digitais, vai criar mais dificuldades”, pelo que vai ser necessário “um sistema diferente” também para apoiar as empresas físicas.

O presidente da Partex sublinhou ainda que esta “crise mostra toda a fragilidade do sistema da ordem internacional”, vincando que “é crítica a dependência de equipamentos de um só país”, referindo-se aos equipamentos de proteção.

“Vai haver uma regionalização desta capacidade e isso vai ser importante na indústria portuguesa”, que se reinventou e produziu equipamentos, “máscaras e impressão 3D”, indicou.

“A globalização anterior foi importante para disseminar riqueza e evolução, mas não podemos esquecer que os mercados a funcionarem sem alguma regulação é algo extremamente oneroso em termos de desigualdades e incapacidade dos mais desprotegidos”, referiu o presidente da Partex.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 315.000 mortos e infetou mais de 4,7 milhões de pessoas em 196 países e territórios.

Mais de 1,7 milhões de doentes foram considerados curados.

Em Portugal, morreram 1.231 pessoas das 29.209 confirmadas como infetadas, e há 6.430 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.

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