O Reino Unido deu a conhecer esta terça-feira o esboço de um acordo comercial com a Austrália, que fundamentalmente criar 15 anos trocas entre os dois países sem tarifas, mas os receios sobre interferências sérias na concorrência no mercado interno britânico não se fizeram esperar. Produtores britânicos de carne bovina e ovina têm receio de que a proteção da sua produção seja posta em causa, nomeadamente pelos padrões de bem-estar animal e de proteção ambiental usadas pelos australianos.
O acordo será de importância limitada para a economia do Reino Unido – os analistas dizem que o aumento do PIB face ao plano é de apenas 0,02% ao ano ao longo de 15 anos – mas o seu maior benefício é simbólico para Boris Johnson, uma vez que é o primeiro de largo espectro fechado após o Brexit.
O acordo pode também servir como uma espécie de modelo informal para acordos futuros, uma vez que será examinado de perto por outros países que procuram um acordo comercial com o Reino Unido.
O executivo disse que as reduções nas tarifas economizariam para as famílias do Reino Unido até 40 milhões de euros por ano e que o acordo prevê também que cidadãos do Reino Unido com menos de 35 anos poderão viajar e trabalhar com mais facilidade na Austrália.
Os principais elementos do acordo foram finalizados por Johnson e pelo primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, num jantar em Downing Street esta segunda-feira – mas, apesar de a imprensa britânica dar nota da totalidade do menu degustado por ambos (anho galês, salmão fumado escocês e vinho australiano), pouco se sabe ainda sobre o acordo, que será aprofundado nos próximos dias.
Entretanto, o comércio entre britânicos e a União Europeia está a perder força. O Acordo de Comércio e Cooperação assinado nas últimas horas de 2020 melhorou as perspetivas de 2021, já que permite que as mercadorias continuem a comercializar-se livremente, mas as barreiras não aduaneiras em forma de burocracia e a incerteza normativa estão a perturbar os fluxos comerciais, que caíram para níveis só comparáveis a princípios de 2016.
Segundo a consultora Crédito y Caución, ao comparar os dados dos últimos doze meses com os de 2018, o último ano antes que o Brexit começasse a contribuir para a volatilidade, verifica-se uma queda de 18,9% nas trocas com a União, face a 9,1% com o resto do mundo. Os dados de comércio exterior do Reino Unido no primeiro trimestre de 2021 mostram uma novidade significativa: pela primeira vez desde que há registos, o valor das importações do Reino Unido em mercados extracomunitários superou as compras à União.
O comércio global do Reino Unido caiu 16% no primeiro trimestre de 2021, em comparação com o quarto trimestre de 2020, mas o comércio com a União desceu de forma mais intensa (22,4%), com quedas generalizadas em todos os países parceiros. As trocas com a Alemanha e com a França, por exemplo, reduziram-se 22,4% e 26,1%, respetivamente. O comércio com a Irlanda foi o que mais contraiu (37%).
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