A avalanche de medidas económicas e fiscais que o ministro da Economia do governo Boris Johnson, Rishi Sunak, apresentou esta quarta-feira perante a Câmara dos Comuns para lidar com a crise do coronavírus foi interpretada como o primeiro instrumento contra a austeridade neste período pós-Brexit.
Passada a tormenta das imposições de Bruxelas – na ótica dos conservadores – o primeiro-ministro Boris Johnson quer provar que, de facto, a saída permite ao Reino Unido fazer o que quiser do seu próprio dinheiro. E, para já, a prioridade é o combate às consequências da pandemia.
Depois de uma década de austeridade, o orçamento fica marcado por um estímulo fiscal avaliado em 30 mil milhões de libras (34,3 mil milhões de euros). “Temos a liberdade e os recursos para decidir o nosso próprio futuro. Apresentamos o orçamento num momento de desafio, que fornece segurança hoje mas também estabelece as bases para a prosperidade de amanhã”, disse Sunak durante a apresentação da lei, citado pelos jornais.
Sunak disse que o documento prevê um crescimento de 1,1% em 2020 (e não de 1,4%, como foi avançado nos últimos dias) e pelo menos duas décimas a menos nos quatro anos seguintes. O ministro prometeu que o governo não poupará recursos para o Serviço Nacional de Saúde (NHS) e fornecer-lhe-á os fundos necessários.
O governo vai também lançar um plano abrangente de ajuda às empresas para lidar com a turbulência causada pelo coronavírus. Downing Street suspenderá o Imposto sobre Imóveis Não Comerciais, que atualmente é pago por milhares de empresas (lojas, cinemas, restaurantes e bares).
Ainda no âmbito das medidas contra a pandemia, será criada uma linha de crédito de 1,2 mil milhões de libras para pequenas e médias empresas, com as quais podem cobrir até 80% de suas perdas. Johnson comprometeu-se em pagar os custos salariais de todos os trabalhadores que optarem pelo isolamento, mesmo que não desenvolvam a doença. Finalmente, o Tesouro britânico permitirá que muitas empresas adiem as suas obrigações fiscais pelo tempo necessário.
Segundo os jornais, as promessas de Sunak foram bem recebidas pela opinião pública britânica, mas o restante parece ser considerado uma deriva despesista sem fundamento: 230 milhões de euros para a ciência; 340 milhões para reduzir as emissões poluentes; 680 milhões para novas infraestruturas de comunicações; quase seis mil milhões em empréstimos comerciais. Os críticos não vêem como é que este despesismo compagina com o prometido combate à dívida pública, que está atualmente estacionada nos 85,9% do PIB.
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