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Reino Unido: secretário da Saúde Matt Hancock gera nova polémica

Depois de eventuais desentendimentos com o primeiro-ministro a propósito da sua prestação face à pandemia, Hancock é agora acusado de quebrar regras de confinamento com a sua eventual amante. Johnson voltou a não lhe retirar a confiança.
EPA/ANDY RAIN / POOL
25 Junho 2021, 17h25

Os desentendimentos no seio do governo do Reino Unido a propósito da resposta à pandemia continuam, e o primeiro-ministro Boris Johnson juntamente com o secretário de Estado da Saúde, Matt Hancock, continuam no centro da polémica.

Hancock desculpou-se por quebrar as regras da Covid-19 depois de o jornal The Sun ter publicado duas fotos dele e Gina Coladangelo – diretora de Marketing e Comunicação do grupo Oliver Bonas, com quem terá um caso amoroso – aparentemente beijando-se no gabinete de Whitehall no mês passado, mas disse que não vai renunciar ao cargo que ocupa no governo.

É improvável que as desculpas do ministro acabem com a controvérsia, segundo avança a imprensa nacional. Para Johnson, o risco é que o comportamento de Hancock faça regressar as alegações de ‘desprezível’ – forma dos jornais britânica adjetivarem casos de corrupção, escândalos financeiros e escândalos sexuais.

No entanto, Johnson resistiu aos apelos do Partido Trabalhista, líder da oposição, para que Hancock fosse demitido. “O primeiro-ministro aceitou as desculpas do secretário da Saúde e considera o assunto encerrado”, disse o porta-voz de Johnson, Jamie Davies, esta sexta-feira. Johnson tem total confiança em Hancock, disse.

Hancock havia antes explicado que “aceito que violei a orientação de distanciamento social em circunstâncias pandémicas”, “dececionei as pessoas e peço desculpa”, mas pediu também “privacidade para a minha família sobre este assunto pessoal”.

A história também pode prejudicar os esforços do Departamento de Saúde para combater a pandemia. O Reino Unido está numa corrida para vacinar a população contra a variante delta, de expansão muito rápida e mais letal, na esperança de reabrir os negócios a 19 de julho.

Recorde-se que Hancock – que disputou a Johnson a liderança do partido em 2019 – tem estado sob pressão por cauda condução da crise pandémica. O ex-assessor de Johnson, Dominic Cummings, publicou no início deste mês mensagens de texto onde aparentemente Johnson acusava Hancock de mentir e de ser incompetente para gerir a crise, mas nada fez para o demitir.

Hancock defendeu-se em audiência parlamentar este mês, dizendo que agiu “com honestidade e integridade” durante toda a crise, que já leva mais de um ano. O secretário enfrenta agora acusações de hipocrisia depois de ter produzido críticas contra um conselheiro científico do governo que deixou o lugar depois de ter quebrado as regras de confinamento no ano passado.

Coladangelo, ex-diretora da empresa de lobby Luther Pendragon e atual acionista, foi nomeada por Hancock como conselheira não remunerada do Departamento de Saúde no ano passado. Mais tarde, passou a diretora não-executiva no departamento, um cargo em que recebe 15 mil libras por ano.

“Definitivamente, este assunto não está encerrado, apesar das tentativas do governo de encobri-lo”, disse um porta-voz do Partido Trabalhista.

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