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Relações entre o Irão e a Europa podem passar por cimeira de ministros

Conversações em Viena este fim-de-semana deram nota de que a tensão entre as duas partes está a crescer. Teerão insiste que a única forma de salvar o acordo é manter o mercado para o petróleo iraniano.
Raheb Homavand / Reuters
28 Julho 2019, 17h42

O Irão alertou os países europeus contra qualquer obstrução das suas exportações de petróleo, afirmando que a proliferação de incidentes no Estreito de Ormuz prejudica os esforços atuais para salvar o acordo nuclear de 2015, enfraquecido pela retirada dos Estados Unidos.

“Qualquer obstáculo ao modo como o Irão exporta seu petróleo vai contra o  acordo nuclear”, disse o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Abbas Araghchi, após uma reunião em Viena com representantes de vários Estados europeus e citado pelas agências internacionais. França, Reino Unido, Alemanha e a Rússia (para além da China), são os Estados europeus que assinaram o acordo e não dão mostras de quererem alinhar com os Estados Unidos nas sanções impostas. Do encontro pode resultar a organização de uma nova ronda de negociações, desta vez ao nível dos ministros.

Mas a tensão que se tem vivido no Estreito de Ormuz e as dificuldades crescentes de o Irão colocar o seu petróleo nos mercados internacionais – fatores que estiveram por trás do encontro em Viena – pode colocar em causa o acordo.

O diplomata iraniano fez referência específica ao arresto, no início de julho, do petroleiro iraniano Grace 1 pelas autoridades britânicas de Gibraltar, o que ajudou a degradar um contexto já marcado por fortes tensões no Golfo. Teerão considera vital a manutenção da sua capacidade de exportar petróleo, a principal conquista obtida com o acordo alcançado há quatro anos em troca de uma supervisão rigorosa de suas atividades nucleares.

Araghchi havia alertado anteriormente, na televisão iraniana, que os países europeus deveriam “não colocar obstáculos” às exportações iranianas de petróleo se esperassem salvar o acordo, com o objetivo de garantir a natureza estritamente pacífica do programa nuclear do país.

O diálogo não está encerrado  e as conversações de Viena, que ocorreram no nível político, aconteceram numa atmosfera “construtiva” , disse Araghchi: “todos os demais participantes permanecem comprometidos em salvar este acordo, o que representa um grande sucesso diplomático”.

Já antes, Londres propôs o envio de uma missão naval europeia para Ormuz, mas o presidente iraniano, Hassan Rohani, rejeitou a iniciativa britânica, dizendo, citado por vários jornais, que “a presença de forças estrangeiras” seria “a principal fonte de tensão” na região. Teerão acredita que a segurança no Golfo deve ser assegurada pelos países da região, começando com sua própria marinha. “Somos o maior agente de segurança marítima no Golfo Pérsico”, disse Ali Rabiei, porta-voz do governo iraniano, denunciando uma “mensagem hostil” e um ato “provocador” dos ingleses.

A proposta britânica também mereceu as reservas de Paris: a ministra francesa da Defesa, Florence Parly, disse, citado pelos jornais, que “não queremos contribuir para uma força que possa ser percebida como agravante das tensões”.

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