Os congressistas republicanos optaram por não punir ou suspender as representantes do partido Liz Cheney, número três na hierarquia republicana na Câmara dos Representantes, nem Marjorie Taylor Greene, a estreante eleita pela Georgia que se encontra debaixo de fogo pelas suas posturas de incitação à violência e conspiracionistas.
Numa reunião à porta fechada, a dupla votação resultou na manutenção do atual cenário, com ambas as legisladoras a continuarem nos seus cargos.
Cheney, a filha do antigo vice-presidente de George W. Bush e eleita para a câmara baixa do Congresso pelo estado do Wyoming, havia votado a favor da destituição de Donald Trump pelo discurso incendiário e que culminou na invasão pelos seus apoiantes ao Capitólio, numa tentativa de parar o processo de certificação dos resultados do Colégio Eleitoral. A congressista teve a companhia de nove outros representantes republicanos neste voto ao lado dos democratas.
Já Greene tem sido visada por defender posições polémicas, a maioria delas com laços muito próximos à violência e ao ódio. A acérrima defensora de Trump ganhou notoriedade por ter alegado que os tiroteios nas escolas eram, na sua maioria, encenados ou que os Clintons estariam por detrás da morte de John F. Kennedy, Jr., teorias da conspiração que são populares entre uma franja mais extremista do Partido Republicano que se aproxima do trumpismo.
Além disso, a política é uma seguidora do QAnon e apelou à execução de líderes democratas, a quem chama de “traidores”, sobretudo de Nancy Pelosi, a presidente do órgão onde agora Greene pretende defender os seus constituintes. A republicana de 46 anos já afirmou que não irá pedir desculpas pelas suas posições.
No entanto, a legisladora eleita pela Georgia não deverá ter garantida a sua permanência em lugares de influência e tomada de decisão, já que os democratas irão mesmo avançar com uma resolução para a afastar dos comités para os quais havia sido destacada, os da educação e do orçamento.
Recorde-se que os líderes da bancada democrata haviam expressado esperança em que o assunto fosse resolvido internamente pelos colegas do outro lado do Congresso, mas reforçaram igualmente que estariam dispostos a tomar as ações necessárias caso tal não acontecesse.
Esta ação poderá levantar um precedente utilizável por ambas as bancadas no futuro, numa altura em que a polarização nos EUA ameaça seriamente qualquer tipo de compromisso bipartidário, algo que o presidente Biden sempre apontou como desejável e um objetivo seu.
Aliás, as tensões criadas por Greene são evidentes até dentro do próprio partido. Apesar da decisão de segurar a legisladora, Mitch McConnell, a figura republicana máxima no Congresso, apelidou as suas posturas de “lunáticas”, classificando-as como um “cancro” para o partido.
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