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Resolução do conflito na Ucrânia pode aliviar pressão sobre ações da Navigator

O preço da energia (gás natural) foi um dos motivos que levou à queda de mais de 5% nas ações da Navigator, após a apresentação dos resultados a 13 de fevereiro, explica um dos analistas consultados pelo Jornal Económico. Resolução do conflito poderia levar a correções no mercado energético, um cenário que traria ‘bons ventos’ para a empresa.
27 Fevereiro 2025, 07h00

A Navigator viu as suas ações caírem mais de 5% no dia seguinte a ter reportado os seus resultados a 13 de fevereiro, e passados 12 dias a quebra já atinge os 6,1% (26 de fevereiro, a meio da sessão).

A empresa reportou o “segundo maior resultado da história” com uma subida do volume de negócios de 7%, em 2024, para os 2.088 milhões de euros, em 2024, face ao ano passado.

Existem vários motivos que explicam esta descida no valor da empresa no dia seguinte aos resultados de 2024 e do quarto trimestre, como referem os analistas consultados pelo Jornal Económico (JE). Um dos quais está ligado ao preço da energia e das matérias-primas e também resultados abaixo das expetativas. A resolução do conflito na Ucrânia poderá ser determinante para que as ações da empresa recuperem mais rapidamente, como assinala um dos analistas.

O head of trading do Banco Carregosa, João Queiroz, liga a queda das ações da Navigator, logo após os resultados, a motivos tais como o preço das matérias subsidiárias e da energia.

João Queiroz diz que se estes aumentos nos custos de energia “forem temporários, ou extraordinários não recorrentes” no médio/longo prazo “poderá constituir uma oportunidade” para a organização.

E aqui será determinante o contexto geopolítico.

“Os preços da energia dependerão de como vai evoluir o contexto geopolítico, relativamente à Ucrânia. Se se conseguir uma paz equilibrada para todas as partes, provavelmente o preço do gás terá algum espaço para efetuar alguma correção”, explica João Queiroz.

João Queiroz considera que as ações da Navigator podem fazer “uma melhor recuperação” se os preços das matérias subsidiárias e do preço da energia “corrigirem”, e também se a operação no Reino Unido [aquisição da agora Navigator Tissue UK] que a empresa adquiriu, em 2024, for de encontro aquelas que forem as perspetivas da gestão.

Mas existiram outros motivos que explicam esta queda acentuada de mais de 5%, a 14 de fevereiro, nas ações da Navigator, no entender do head of trading do Banco Carregosa.

João Queiroz sublinha que apesar da Navigator ter tido “aspetos positivos” nos resultados que apresentou a 13 de fevereiro o mercado acabou por se focar na parte dos aspetos negativos.

Aqui, João Queiroz destacou o facto da empresa “ter feito uma paragem maior para manutenção de uma fábrica, e alguns problemas inesperados com ativos relacionados com energia, e também o aumento dos custos energéticos e químicos”.

O head of trading do Banco Carregosa diz ainda que do ponto de vista da qualidade dos resultados [a empresa reportou o segundo maior resultado de sempre] o mercado acabou por dizer que a empresa conseguiu fazer isso “com maior dívida e com redução dos fluxos de caixa”.

Em 2024 a empresa reportou que o endividamento líquido subiu 128 milhões de euros, para os 617 milhões de euros, em comparação face ao ano anterior.

João Queiroz destaca que a aquisição pela Navigator de uma unidade do Reino Unido contribuiu para o aumento do envidamento, contudo salienta que este investimento “poderá traduzir-se em futuras receitas”, sublinha João Queiroz.

“Parte do free cash flow (fluxo de caixa livre) da empresa baixou um pouco nessa perspetiva [da concretização do investimento no Reino Unido]”, salientou João Queiroz.

Em 2024 a empresa reportou um free cash flow de 22,5 milhões de euros, uma queda face aos 92,3 milhões do ano anterior.

Expetativas e encaixe de mais valias pode justificar descida

O analista na XTB, Henrique Tomé, salientou que apesar da Navigator ter reportado resultados positivos, para o ano de 2024 e para o quarto trimestre, estes ficaram “aquém das expectativas” ao nível das receitas, pelo terceiro trimestre consecutivo, algo que acabou por contribuir para a descida no preço das ações da organização.

“Este desempenho, ainda que evidencie um crescimento contínuo das receitas, resultou num recuo das ações, replicando a tendência observada nos trimestres anteriores, após a divulgação dos resultados”, reforça Henrique Tomé.

O analista da XTB salienta que com a negociação das ações a acontecer em níveis próximos dos seus máximos históricos pode levar a um “aumento da tendência dos investidores em retirar mais valias”, outro motivo que pode explicar o nível de queda das ações da empresa no dia seguinte à apresentação dos resultados.

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