1. Frank Sinatra cantava “the best is yet to come” e provavelmente estava certo. A melhor (a única?) forma de viver é acreditar que o futuro será sempre melhor do que o presente. Mas o ano de 2019 dificilmente será melhor do que 2017 e 2018, no que à economia portuguesa diz respeito, com as exportações a serem afetadas pelo abrandamento sentido nos nossos principais mercados.

Por outro lado, o fim da política de estímulos do Banco Central Europeu (BCE) tornará mais difícil o recurso ao crédito e ajudará a reduzir o entusiasmo, quiçá excessivo, que determinados ativos têm despertado em investidores inebriados com o dinheiro barato. A orquestra promete continuar a tocar, mas a música será outra.

Para Portugal, esta conjuntura representa desafios acrescidos, não só do ponto de vista económico mas também político, num ano em que terão lugar três atos eleitorais. Os nossos políticos têm a responsabilidade histórica de, em ano de eleições, saberem resistir ao canto das sereias e à tentação de querer sol na eira e chuva no nabal.

De resto, todos nos recordamos do que aconteceu da última vez que a economia internacional gripou: o Governo da altura aumentou o investimento público e o endividamento de forma a tentar fazer crescer a economia, mas tudo não passou de uma ilusão. A qual nos custaria um longo pesadelo, cuja fatura continuamos a pagar dez anos depois.

2. O PSD está novamente em guerra civil. O drama de Rui Rio é o facto de, aparentemente, não compreender como funciona uma democracia moderna. Esteve tantos anos no messiânico papel de “Dom Sebastião vem-não-vem” que, quando finalmente tomou o poder no partido, o seu tempo já tinha passado.

Enquanto líder do PSD, Rio despreza os críticos, desvaloriza o papel da comunicação social, trata os jornalistas como avençados dos adversários e cultiva um estilo autista e autoritário que afasta e exclui, ao invés de agregar e mobilizar. Seja numa empresa ou num partido, um bom líder é aquele que consegue extrair o melhor de cada elemento da sua equipa, de modo a atingir o resultado mais favorável possível, em benefício de todos. Por culpa própria ou alheia (será que isso interessa?), Rio tem muita dificuldade em desempenhar esta missão, para prejuízo do PSD e do próprio País. O líder do PSD arrisca-se mesmo a ficar para a História como o coveiro do partido.

De tudo isto não viria grande mal ao mundo, se o PSD não fosse o maior partido português e um pilar do nosso sistema constitucional. Mas, até prova em contrário – e todos sabemos que em política não existem vazios -, um PSD forte é fundamental para que a nossa democracia funcione.