Os revendedores de combustíveis em Moçambique admitiram, esta segunda-feira, à Lusa “oscilações” no fornecimento e abastecimento daqueles produtos no país, mas garantem que não há rutura no ‘stock’.
“Neste momento estamos a enfrentar algumas oscilações de abastecimento dos combustíveis (…) o que consigo dizer com relação a estas oscilações é que em algum momento vão colocando alguns postos de abastecimento sem um dos combustíveis”, explicou o presidente da Associação dos Revendedores de Combustível de Moçambique (Arcomoc), Nelson Mavimbe, em entrevista à Lusa.
Milhares de moçambicanos avolumaram-se na semana passada nos postos de abastecimento de combustível da cidade de Pemba, província de Cabo Delgado, à procura de gasolina e gasóleo, que escasseia, motivando a especulação nos preços dos transportes.
A escassez de combustíveis em Pemba foi explicada pelo corte da via que liga à província de Nampula, devido às consequências do recente ciclone Jude, e pela reduzida capacidade de armazenamento local.
O Presidente moçambicano, Daniel Chapo, chegou a apontar o recurso ao transporte marítimo para combustíveis de Nampula para Cabo Delgado: “Podemos ter desafios em Cabo Delgado como a questão relacionada com combustíveis, e nisto já estamos a nos organizar para, por via de cabotagem, via marítima, possamos carregar o combustível do porto de Nacala [Nampula] para Cabo Delgado e este carregamento vai ser possível enquanto não repormos a via”.
À Lusa, o presidente da associação dos revendedores disse que a disponibilidade de combustíveis nos postos de abastecimento tende a retomar a normalidade, apontando “esforços” do Governo e das distribuidoras para disponibilizar os produtos.
“Até à semana passada era normal entrar numa bomba de combustível e só encontrar lá diesel, mas sem gasolina (…) Não diria que é uma rotura, porque até então a situação está minimamente normalizada”, garantiu Nelson Mavimbe.
Moçambique possui cerca de 900 retalhistas de combustíveis que garantem quase 27.000 postos de trabalho no país. Cerca de 200 revendedores fazem parte da Associação dos Revendedores de Combustível.
O presidente da organização reclamou da insuficiência das linhas de financiamento para este setor que, disse, “não são sustentáveis” face às “altas taxas de juro”.
“Também temos os encargos fiscais que constituem alguma preocupação”, disse Nelson Mavimbe, apontando avanços do Governo na busca de soluções para os problemas apontados.
“Como retalhistas, reclamamos com as inspeções. Não há uma consistência nesta coisa de inspeções. Existem vários grupos que fazem a inspeção a nível dos postos e isto é embaraçoso. Não estamos a dizer que não devemos ser inspecionados, mas é importante que seja uma e única inspeção e que seja coordenada”, acrescentou.
Os revendedores pediram ainda ao Governo para rever a sua margem de lucro no negócio dos combustíveis, denunciando que não acontece “há quatro anos”, sendo que, disse, deve ser revista anualmente.
A Associação dos Revendedores de Combustível de Moçambique pede ao Governo para assegurar a estabilidade cambial e a encontrar “formas” para acabar com a escassez de divisas e a buscar melhores linhas de financiamento com políticas mais “equilibradas” em termos de juros.
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