Revolut lançou esta quinta-feira a sucursal em Portugal e o IBAN português. Este é um pequeno passo que promete ser o game changer da fintech que opera em Portugal através de uma licença bancária na Lituânia.
O IBAN português permite dar acesso a vários serviços, entre eles o pagamento de serviços por multibanco, o MB Way e uma conta remunerada (depósitos) que permite juros diários, explica ao Jornal Económico o General Manager da Revolut em Portugal, Ruben Germano. “Atrás do IBAN português vêm um conjunto de produtos”, explica.
É uma grande revolução no mercado bancário português, porque desta forma a Revolut começa a fazer concorrência direta aos bancos tradicionais.
A sucursal em Portugal permite ter contas bancárias com um IBAN português, o que, por sua vez, permite domiciliar ordenados; permite os débitos diretos e os pagamentos ao Estado; permite constituir depósitos; e permite que quem tem conta na Revolut em Portugal possa usar o MB Way. “Fizemos um acordo com a SIBS”, explica Ruben Germano.
O novo IBAN português elimina também a obrigação de declarar a conta Revolut no Anexo J do IRS.
Em entrevista ao JE, Ruben Germano explica que “o IBAN permite aos clientes domiciliarem o seu ordenado na Revolut, o que era uma das queixas do nossos clientes”. O gestor acrescenta que “sem IBAN português havia dificuldade na aceitação de débitos diretos de utilities, o que era também uma grande condicionante no relacionamento com os clientes”.
“Vamos lançar nas próximas semanas o pagamento por MB Way e o pagamento por entidade e referência que permite pagar as utilities”, disse o General Manager da Revolut em Portugal.
“Queremos ser o principal banco dos nossos clientes portugueses”, sublinha Ruben Germano.
O cartão da Revolut é um cartão de débito, mas o General Manager anuncia também que “vamos lançar cartões de crédito”. Ruben Germano admite que o foco vai estar na fidelização dos clientes.
No que se refere aos depósitos, a Revolut diz que quer entrar no mercado com uma taxa de juro competitiva. “Estamos muito competitivos no crédito pessoal e queremos ser muito competitivos nas taxas de depósitos”, diz o General Manager da Revolut Portugal.
A Revolut esclarece que os clientes que têm um plano gratuito (conta Standard) também receberão rendimentos sobre as suas poupanças, embora a uma taxa inferior à dos planos pagos.
“Para além de serem depósitos com juros diários, o ponto fulcral é a adesão ser simples”, explica Ruben Germano que lembra que “já temos os fundos monetários flexíveis e agora vamos ter o segundo produto de poupança com o IBAN português para os clientes que migrarem”.
A Revolut arrancou esta quinta-feira com o processo de migração de clientes para a nova sucursal em Portugal. Isto porque o cliente tem de decidir “migrar” para a sucursal portuguesa. O processo de migração dos clientes existentes será gradual ao longo das próximas semanas, e tanto a funcionalidade de Poupança como o Multibanco só estarão disponíveis depois dessa migração estar concluída, explica a Revolut.
A partir desta quinta-feira, dia 24, a sucursal da Revolut em Portugal passará a figurar como “ativa” no Banco de Portugal, mas o processo de integração de novos clientes e de migração dos existentes poderá demorar ainda alguns dias, segundo a empresa.
Toda a atividade da sucursal e dos novos produtos é supervisionada pelo Banco de Portugal, revela Ruben Germano. Neste momento o fundo de garantia depósitos que cobre o risco dos depósitos em Portugal é da Lituânia. Mas a Revolut está à espera de ter uma licença bancária em França para onde passarão os clientes da Europa Ocidental e nessa altura será o Fundo de Garantia de Depósitos de França a assegurar os depósitos em Portugal até 100 mil euros.
Isto é, numa primeira fase os depósitos que a Revolut captar em Portugal serão cobertos com o Fundo de Garantia de Depósitos da Lituânia, mas o objetivo da fintech é o de migrar os clientes para a futura licença bancária francesa.
Portanto Portugal, França, Espanha, Itália, Irlanda e a Alemanha passarão a estar debaixo da licença bancária francesa que a Revolut espera ainda ter este ano ou inicio do próximo. Sob a licença bancária da Lituânia ficarão os outros mercados de leste.
Ruben Germano revela a que não está no horizonte ter uma licença bancária em Portugal. Ou seja, não vão contribuir para o Fundo de Resolução português, nem estão abrangidos pelos impostos especiais da banca em Portugal.
A Revolut em Portugal tem 1,8 milhões de clientes tendo como meta atingir os dois milhões de utilizadores este ano. “Estamos a crescer muito, no último ano (2024) angariamos cerca de meio milhão de clientes”, disse.
A Revolut já dá crédito pessoal mas ainda não entraram no mercado do crédito à habitação. “Nós temos um projeto piloto na Lituânia e na Irlanda que nos permitirá aprender o produto. Mas ainda não está nos planos lançar o crédito à habitação em Portugal. Pelo menos este ano não será. Estamos a testar naqueles mercados e só mais tarde é que podemos lançar noutros mercados”, disse Ruben Germano que não se compromete com o lançamento do crédito à habitação já no próximo ano.
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